domingo, 17 de outubro de 2010

Contra o patriarcado e a sociedade carcerária: Autonomia Feminista




Grito feminista desde o México, pela memória das mulheres mortas pelo patriarcado, por uma luta que não legitime os aparatos de controle e punição capitalista. Porque a tortura e o claustro não são formas que possam acabar com a violência e a injustiça, pelo contrário, são necessários a sua manutenção a ao sistema de poder vigente. A prisão não é a solução, faz parte do problema! Faça sua parte desenvolvendo e propiciando redes de soldiariedade e relações não violentas, libertárias e horizontais com suas pessoas amadas!

estamos lutando contra os feminicídios, estamos lutando pelo fim da violência contra as mulheres…esse domingo faremos um ato numa rua aqui da cidade do méxico, um ato em memória de uma companheira assassinada, faz um ano, pelo seu ex-namorado, ato contra todos os feminicidios, porque se nos toca a uma nos toca a todas! Seu assassino está preso, mas ainda não foi julgado, e é possível que seja absolvido, alegando legítima defesa(ele a matou com 25 facadas, sendo que a primeira foi no olho, legitima defesa?), nos atos que fazemos falamos de impunidade e injustiça. Em um momento me incomodou um pouco estar sempre falando de impunidade quando não acredito no sistema punitivo, principalmente quero a abolição das prisões. Trocando idéias com amigas entendi que podemos gritar impunidade querendo justamente fazer uma denúncia ao sistema, inclusive porque o maior impune é o estado patriarcal racista. O sistema punitivo baseado nas prisões é uma merda por várias razoes. Entre elas porque é um sistema patriarcal racista desde sua raiz. E nunca um sistema assim ajudaria no combate aos feminicidios. Vamos pensar, como o sistema penal age quando são denunciadas agressões a mulheres? Bom, a maior parte dos caras que batem, estupram ou matam mulheres (isso que eu nem vou falar de agressões morais, psicológicas, verbais, que os agentes do sistema fazem piadas) não vão presos, porque ou estão no seu direito, segundo o sistema, como maridos, pais ou irmãos a quem o sistema penal designou o papel direto de punir as mulheres; ou porque as mulheres eram culpadas(obviamente segundo o sistema) porque estavam sozinhas na rua, com tal roupa, e tudo isso que sempre escutamos. Alguns vão presos: aqueles não brancos e/ou pobres que agrediram mulheres brancas ricas (lembrando que o sistema penal é patriarcal, capitalista e racista). E outros pouquíssimos vão presos: os bodes expiratórios, aqueles casos midiáticos, de alguns caras brancos ricos dos muitos que também agridem mulheres, porque o sistema precisa ter algum exemplo pra defender-se da acusação de racista. Alguém diria que a questão é reformar o sistema penal, de maneira que todos os agressores de mulheres fossem presos, bom, aí prenderíamos todos os homens, já que a própria formação da masculinidade é misógina, ensina aos homens, em sua constituição como homens, a serem violentos com mulheres, e em menor ou maior grau, todos os homens já agrediram em algum momento de suas vidas a uma mulher. Isso quer dizer que prender agressores não resolve o problema(ainda que não ignore o fato de que prender a um agressor pode salvar a vida de uma mulher), porque o problema é o patriarcado. [E prende-los aqui seria uma forma de entender o problema como responsabilidade de uns sujeitos desviantes, como exceção e não encarar o fato de que a agresao misógina é a norma da masculinidade, a regra]. É a forma como são constituídos os homens, como são constituídas as mulheres, como os homens tem mais privilégios, como as mulheres são educadas a privilegiar os homens, como é idealizado o amor romântico (possessivo e violento), como está formada a economia do lar....e não é colocando os homens em um instituição extremamente repressiva e masculina que vai fazer com que eles reflitam sobre sua masculinidade. Voltando a impunidade: falar em impunidade nos casos de feminicídios, é acusar o sistema de patriarcal, apontar para o fato de que desde a polícia, a mídia, até a própria prisão, o sistema está feito para privilegiar a homens, sobretudo homens brancos e ricos, e manter as relações de poder tal como estão. E nesse sentido falar em luta anti-carcere, anti-prisões, gritar abaixo os muros das prisões, é gritar abaixo os muros das prisões do patriarcado racista também, e isso envolve repensar masculinidades, criar relações não violentas, abrir mao de privilégios, porque enquanto um homem grita abaixo as prisões sem repensar sua masculinidade, ainda estaremos aprisionadas em muros.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Semana de agitação e propaganda pelxs presxs do “Caso Bombas”. De 12 a 19 de outubro

Chamado público à Semana de Agitação e Propaganda pela Liberdade dxs Detidxs em 14 de Agosto.

Agrupação de Amigos e Familiares pela Liberdade dxs Detidxs em 14 de Agosto.

Chile, Outubro de 2010.

Como já é de conhecimento público, no dia 14 de agosto de 2010 foi levado a cabo invasões em mais de 10 casas particulares de Santiago e Valparaíso para deter 14 pessoas acusadas de estarem envolvidas no que a mídia chilena denominou “o caso bombas”. O fiscal Alejandro Peña (famoso por seus operativos midiáticos e sua conduta prepotente) conseguiu encarcerar com prisão preventiva em regime de segurança máxima, 10 pessoas desenvolvendo um show policial, jurídico e midiático com argumentos e provas ridículas e poco consistentes (para maior informação, ver a segunda declaração de nossa Agrupação).

O que atualmente está fazendo o Estado chileno é castigar nossos amigos e familiares inventando que eles/as seriam parte de uma associação ilícita terrorista que colocou artefatos explosivos. Entretanto, eles hoje não se encontram presos porque foi possível demonstrar sua participação em algum fato dos que são acusados, e sim porque eles representam ideias e experiências de luta contra os interesses dos poderosos. Se trata de uma perseguição política por parte do Estado chileno a quem expressa em sua vida, ideias e práticas de liberdade. Em meio este show repressivo, a Lei Antiterrorista tem jogado um papel fundamental, otorgando amplas faculdades ao fiscal Peña para acusar nossos companheiros com provas absurdas que tem feito rir inclusive delegados presentes nas audiências.

Como Agrupação de Amigos e Familiares pela Liberdade dos Detidos em 14 de Agosto, acreditamos que esta jogada repressiva é marcada dentro de um contexto maior de repressão por parte do Estado chileno – com a direita hoje no poder – em direção a toda forma de descontento, mobilização social e protestos que se levantem contra os interesses dos poderosos. Hoje são nossos seres queridos ligados a ideias antiautoritárias, anarquistas e anticapitalistas que estão sendo castigados com esta lei antiterrorista criada por Pinochet, assim como também estão fazendo com os Mapuche no sul, mas amanhã poderá ser qualquer um de nós que proteste ou se manifeste por melhores condições de vida ou contra as desigualdades do sistema. Qualquer um pode ser o novo objetivo do castigo do Estado chileno que levanta shows midiáticos e montagens repressivas, aplica a lei Antiterrorista e acusa com provas falsas e sem sentido.

É por isso que diante da necessidade de que nossos amigos e familiares estejam na rua desfrutando da companhia e carinho de seus próximos, e com o claro objetivo de romper o cerco midiático de desinformação e criminalização que pesa sobre sua situação, é que como Agrupação de Amigos e Familiares pela Liberdade dos Detidos em 14 de Agosto convocamos a todas individualidades conscientes, organizações populares, coletivos e grupos de afinidade do Chile e do mundo a uma Semana de Agitação e Propaganda pela Liberdade dos Detidos em 14 de Agosto, do dia 11 de outubro até domingo 17, do mesmo mês. Nosso chamado é para expressar a solidaridade das mais diversas formas.

Não somente fazendo o chamado da Semana, como Agrupação temos preparado uma série de atividades públicas que esperamos contar com o mais amplo apoio de diferenes setores e pessoas. Nossas atividades para a Semana são as seguintes:


  • Quinta-feira 14 de Outubro, 19hrs: Marcha saindo da Plaza de Armas, centro de Santiago

  • Sexta-feira 15 de Outubro, 12hrs.: Mitin informativo fora do Centro Penitenciario Femenino (ex COF) localizado em Vicuña Mackenna entre as estações Pedrero e San Joaquín.

  • Domingo 17 de Outubro, 13hrs.: Atividade barrial de denúncia e solidariedade na Plaza Yungay (Santiago Centro). Com comida comunitária, Tinku, música e murais.


Agradecemos a todos e todas pela difusão e apoio para este chamado de solidariedade.


Porque a associação ilícita terrorista só existe na mente do fiscal Peña e na boca da mídia.


Abaixo as montagens do Estado Terrorista!


Solidariedade e Liberdade para xs detidxs em 14 de Agosto




Agrupação de Amigos e Familiares pela Liberdade dos Detidos em 14 de Agosto.

Solidaridad por lxs presxs


Chile, Outubro de 2010

quarta-feira, 6 de outubro de 2010