terça-feira, 31 de agosto de 2010

14 COMPANHEIR@S CHILEN@S PRES@S ACUSAD@S DE TERRORISMO


Bem-vind@ ao Chile, sociedade de cárceres e carcereiros:

SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL

com @s 14 sequestradas e

sequestrados pela

“democracia” no Chile!

No sábado passado, 14 de agosto, nas cidades de Santiago e Valparaíso, uma ação coordenada por policiais de todos os tipos e parafernálias (GOPE, forças especiais e labocar) invadiram violentamente três centros sociais ocupados e várias casas particulares em cinco comunas, intimidando com armas de guerra, quebrando janelas, portas, e confiscando material de todos os imóveis.
14 detid@s que ignoravam o porquê de sua detenção, dos quais 3 dias depois, 6 deles saem em liberdade condicional por falta de provas, enquanto as pessoas detidas são isoladas no cárcere de segurança máxima, esperando por um processo de investigação de 180 dias, correndo risco de pegar 20 anos de cárcere, por uma suposta associação ilícita terrorista na qual se delegariam o trabalho de confecção e detonação de bombas que explodiram nos últimos tempos na capital. Esta associação estaria constituída, segundo a promotoria, de hierarquias e “cabeças”, suposição absolutamente contraditória se falamos que a maioria d@s sequestrad@s, por convicções ideológicas anarquistas, se opõem rotundamente a líderes e hierarquias…

Este tem sido o resultado de seu espetáculo atual, um desfecho perfeito para os titereiros e carcereiros do poder de plantão, e sobretudo para estes honestos cidadãos, que tanto gostam da paz dos mortos, que com sua ajuda, vão apagando a história d@s oprimid@s, com simulações, prisões e resignações.

“O caso bombas” é o nome que sucessivas vezes volta às manchetes como uma novela em capítulos, na qual os atores principais; ministro do interior, promotor e suas polícias sequazes, fazem o necessário para capturar @s “indesejad@s” anarquistas.
O início do midiatizado “caso bombas”: saga de perseguições policiais, na qual os protagonistas fizeram seu debut, como remonta o dia 10 de setembro de 2006, às vésperas de uma data histórica no Chile, em que alguns/mas recordam lamentando a seus mortos e desaparecidos na ditadura, enquanto outros e outras manifestam seu descontentamento pela falsidade da democracia, que não mudou muito em relação à ditadura.
Neste contexto de protestos, no qual uma bomba molotov é lançada contra o Palácio do Governo, as imagens deram a volta ao mundo, o símbolo da democracia aliancista ficou em pedacionhos, seu ponto fraco; o fator fraternal unificador de esquerdas havia sido alterado.
Duas semanas depois do ocorrido, um vasto contingente policial invadia a okupa “la mansión siniestra”, prendendo 6 pessoas que, para sua surpresa haviam se tornado, graças ao trabalho da imprensa, uma associação ilegal:”fabricantes de bombas molotov”, “delinquentes violentos”, “vândalos”. Um cenário não muito distinto do que hoje vivem @s 14 compas acusad@s.
Neste contexto, a policia, que não contavam com sua astúcia, de que suas evicências não tinham nada de concreto, já que os materiais encontrados para a confecção de bombas que supunham eram simples utensílios domésticos comuns. Os molotovs nunca existiram. Durante o processo de formalização, os 6 protagonistas desta história, eram a pior aberração moral existente, e a opinião pública até então legitimava a condenação de até cinco anos que lhes estavam dando de cárcere. Mas OPS… Erro! As suposições eram falsas, a montagem policial havia se revelado. Finalmente estas seis pessoas não cumpriram a pena que lhes tinham sentenciado, e depois de onze dias presos no cárcere de segurança máxima saíram em liberdade. Como é de se esperar, nenhuma instituição respondeu pelos danos e castigos corporais e psicológicos irreparáveis, nem pelos pertences apreendidos d@s companheir@s.

4 anos se passaram desde este incidente, e neste percurso, as montagens, desigualdades e repressões estão na ordem do dia…

Para dizer APENAS ALGUNS exemplos concretos: segundo a pesquisa de “caracterização socio-econômica nacional” (casen), a brecha econômica aumentou de 13% a 15% desde 2006, e ainda assim a programação do governo pretende gastar 135 milhões de pesos para construir, a partir desde ano, 10 novos cárceres, que em seu total somariam mais de 16 mil e 500 novas vagas ao atual sistema penitenciário; também não é menos importante saber, por fontes do mideplan, que 64% da população penal é analfabeta ou não completou seus estudos básicos, ou seja, as pessoas mais pobres e marginalizadas do sistema. Ficando claro que interessa investir para o sistema no encarceramento ao invés da educação. Entretanto estes cárceres necessitam de carcereiros…

Depois que a coalizão esteve uma década encarregada de governar, assassinar a 42 pessoas, e favorecer, ao invés de mudar, como no início prometeu, o desenvolvimento da “constituição política do Chile” da ditadura, fortalecendo-a mediante reformas, e continuando com a tradição de criminalização dos movimentos sociais, com o aperfeiçoamento da lei anti-terrorista - em que uma de suas modificações é colocar os policiais como “testemunhas de fé”, proporcionando-os assim veracidade para as montagens contra aquel@s que representam uma ameaça para seu sistema, entre outras barbáries.
Chega o ano 2010, o turno da “coalizão pela mudança”, com Sebastian Piñera no poder. Pró-ditadura, colaborador número um no estabelecimento do modelo neo-liberal, não esquecemos ainda que foi ele quem brindou aos chilenos e chilenas a oportunidade de ter cartões de crédito para viver trabalhando e assim pagar suas dívidas, mas por sobre todas as coisas, hoje, saibam, muito famoso por seu lema “batalha contra a delinquência”, em que nos demonstra sua efetividade no que se refere à suposta “segurança”. Em outras palavras e para ser um pouco menos moderad@s por fim: carcereiros que asseguram a propriedade de seus colegas empresários. E que para certificar-se de que assim funcione o Sr. presidente desenvolverá o reforço da repressão contra a população historicamente reprimida, aumentando o contingente policial para 15 mil carabineiros e policiais civis, que já se apresentavam há alguns meses atrás com um incremento de seus salários de 18%. É assim que a “batalha contra a delinquência”, além de ser um método exemplar para demonstrar a ineficácia da coalizão, irrompeu tragicamente em nossas vidas.
Hoje somos colocad@s como seus bodes expiatórios, como dementes em uma vitrine midiática, para ganhar “simpatias morais’ entre @s expectadores e legitimar assim seus triunfos, tão cobiçados por estes novos carrascos, que por sua vez, com esta caçada encobrem outros fatos, intencionalmente invisíveis para os meios, como a greve de fome de 32 prisioneiros políticos mapuche, que lutam contra a adversidade da justiça chilena e que exigem seus direitos naturais. Ou o que também omitem: ao utilizar o equipamento mais barato que o efetivo para resgatar 33 mineiros presos há vários dias.

Hoje 14 companheir@s, entre el@s, anarquistas, comunicador@s e lutador@s sociais, solidári@s às causas injustas, participantes recorrentes de centros sociais ocupados abertos onde funcionam bibliotecas, videotecas, hortas, se compartilha e questionam idéias e ações, em fóruns e atividades de maneira horizontal são automaticamente criminalizad@s. Aos promotores bastam evidências muito ambíguas para privá-l@s de sua liberdade, como por exemplo uma chamada telefônica interceptada onde a mãe pede a um dos acusados que se cuide. Os espaços ocupados abertos e as pessoas comprometidas dia-a-dia a denunciar e transformar com suas próprias vidas a sociedade, tem sido mais vulneráveis às apreensões do Estado, evidenciando que a perseguição é também ideológica.

Do que estão falando quando nos culpam de terroristas? Quem são os verdadeiros terroristas?

Chamamos tod@s a construir uma rede de apoio internacional pel@s presos e presas de 14 de agosto. Hoje mais do que nunca! Internacionalistas do mundo, a solidariedade e a ação, com os sequestrad@s das mentiras do Estado chileno!

furiosamente, radio nomadista.