sexta-feira, 15 de abril de 2011

Carta (aberta) ao Fiscal Alejandro Peña

Uma carta pode ser uma rebelião contra a injustiça, e acredite, esta é a ideia desta carta.
      O  que eu queria dizer finalmente é que, se queremos minimamente, traçar uma história na qual o desígnio da injustiça não seja uma rota obrigatória, devemos aceitar que toda a sociedade esteja habitada por espíritos livres e empenhada para para empurrar a história pelo caminho da liberdade e da dignidade. E, ainda que não seja a única, viver em rebeldia é também uma forma de viver.
     O senhor está na ponta oposta dessa forma de viver.
     
Toda sociedade tem um bufão puxa-saco na corte e, acredite, temos a certeza de que o senhor - e outros acusadores em casos Mapuche- encarnam ao "Fiscal Torres de nossos tempos".

     O senhor assume práticas afiadas, baseado em apenas uma justiça: a da mentira, da delação premiada, a das provas forçadas, a da suja e injustificada imaginação delirante, a da repressão inclusive direcionada para crianças para amedrontar.
     Não posso entender a reviravolta na sua alma. O senhor foi estudante de uma instituição focada no âmbito dos direitos humanos, o CODEPU. Foi sua passagem pelo CODEPU uma espionagem planificada?, Até onde foi a sua sensibilidade, depois de haver conhecido, de primeira mão, as aberrações da ditadura?. O senhor hoje praticou essas aberrações nas invasões e nas detenções das pessoas que vocês vincularam gratuitamente com o midiático "caso bombas".
     Conhecemos desde os governos da “Concertación”, a obsessiva compulsão por apresentar um país "branco", um "paraíso para os investimentos estrangeiros" , "aonde as instituições funcionam" e “os negócios são um sucesso". Tudo isso -desgraçadamente- construído com repressão, sem economizar em jogos e montagens sujos como ferramentas para modelas e uniformizar mentes. O que há de concreto é que esses jogos e montagens provocam raiva, provocam indignação - ética e, longe de calar as vozes dissidentes, põe em alerta os espíritos que no aceitam aos desígnios e a camisa de força do mercado.
       Citando humildemente à Clotario Blest, não me assusta nem minimamente se esta carta me provocar danos pessoais, e, ainda que estou longe de sonhar com isso, prefiro a prisão política ao silêncio.
    Saiba o senhor que a cada dia se somam mais pessoas conscientes da realidade da prisão política no Chile atual, dispostos a fazer suas pequenas rebeliões para desmascarar a brutalidade do sistema.
     Diferente de você, vivemos a alegria de não termos preço!

Claudio Escobar Cáceres
Engenheiro Civil Eléctrico - Professor de Estado em Matemáticas
Liberdade aos(as) Presos(as) Políticos(as) do 14 de Agosto!
Liberdade aos Presos Políticos Mapuche!