terça-feira, 29 de março de 2011

Anarquistas gregos tomam a embaixada do Chile em solidariedade ao “Caso Bombas”



[Em solidariedade aos acusados no “Caso Bombas”, um grupo de anarquistas tomaram, na manhã desta segunda-feira (28), a embaixada chilena na Grécia.]

Por uma hora aproximadamente esteve ocupada a Embaixada do Chile na Grécia, em Atenas, em solidariedade aos acusados no "Caso Bombas". Nenhuma pessoas foi detida.

Segundo explicou a embaixadora Carmen Ibanez ao canal TVN, a ocupação durou cerca de uma hora, por volta das 10h20 da manhã na Grécia.

“Esta manhã ocuparam nossa embaixada, por uma hora, 30 jovens anarquistas que diziam vir de forma pacífica, e assim foi até este momento. Gostaríamos de saber qual o próximo passo”, afirmou Ibañez.

Funcionários do corpo diplomático informaram que abriram as portas porque uma mulher, que teria sotaque chileno, “disse que queria a uma renovação do passaporte. Quando ela entrou, deixou passar pelo menos 30 jovens que começaram a enviar fax ao Ministério da Justiça e ao Ministério das Relações Exteriores do Chile”.

O comunicado que os anarquistas deixaram no lugar dizia: “Solidariedade aos companheiros e companheiras em greve de fome no Chile pelo Caso Bombas. Exigimos a libertação imediata de todos eles, o fim da montagem jurídico-policial, o fim da Lei Anti-terrorismo, herdada da ditadura e aperfeiçoada pela democracia, e o fim dos prazos de investigação e realização imediata de um julgamento justo”.

O pedido foi deixado na Embaixada e foi enviado por fax da Grécia às autoridades do Chile (cópia em anexo).
Vídeo imprensa corporativa:

› http://www.24horas.cl/videos.aspx?id=112514

agência de notícias anarquistas-ana

outro outono
no chão entre folhas
sonhos do verão

Ricardo Silvestrin

29 de Março – Dia do jovem combatente/Chile


A data é uma referência a morte dos estudantes e irmãos Rafael e Eduardo Vergara Toledo que lutaram na linha de frete dos movimentos populares contra o regime totalitário do general Augusto Pinochet (1973 – 1990), foram assassinados em 29 de Março de 1985. Desde então, todos os anos, no bairro de Villa Francia, na zona oeste de Santiago, onde os irmãos Toledo moravam, os jovens saem às ruas, principalmente durante a noite, encapuzados, fechando as avenidas principais com barricadas e entoando palavras de ordem.
Ontem, véspera do dia do Jovem Combatente, fizemos uma intervenção ao redor do Consulado Geral do Chile – SP. Com as colagens denunciamos a questão do abuso de poder do governo reacionário Sebastián Piñera, que em nome do “bem-estar e ordem social”, utiliza a Lei antiterrorista para invadir ocupações e casa de mlitantes libertários. Em 14 de Agosto de 2010,  14 militantes foram presos sob a acusações de ataques armados, com explosivos e objetos incendiários, que aconteceram nos últimos 3 anos, contra alvos do Estado e do capital no país. Porém a única prova concreta é que esses militantes faziam e fazem parte de movimentos sociais e atividades de luta contra a farsa democrática. Atualmente são 10 pres@s políticos.  E dos índios Mapuches, que desde a colonização são símbolo de resistência, pois não se rendiam a aculturação espanhola, resistência que se mantém firme até os dias atuais. Hoje, brigam pelas terras de Araucanía, região sul do Estado chileno. Os conflitos com o Estado para ter posse das terras vem  séculos gerando confrontos e prisões, mas se acentuou em Janeiro de 2008, com a morte do estudante de ascendência mapuche Matias Catrileo, 22 anos, por um segurança privado de um fazendeiro. Os mapuches reinvidicam a posse das terras da região de Araucaní, além da liberdade d@s pres@s políticos que defendem a causa indígena.
A solidariedade não reconhece fronteiras…
Basta de Lei antiterrorista!
Liberdade a tod@s os/as pres@s políticos!

domingo, 27 de março de 2011

[Grécia] Consulado chileno em Tessalônica é ocupado em solidariedade aos presos políticos em greve de fome


[Um grupo de anarquistas invadiu o consulado chileno de Tessalônica no dia 15 de março, em solidariedade aos presos políticos em greve de fome há 33 dias no Chile. Os manifestantes ergueram faixas e gritaram slogans e distribuíram folhetos. Não houve detenções.]


Comunicado:
Os becos sem saída da dominação, a violência autoritária e a estratégia de guerra para a neutralização do inimigo interno são, mais que nunca, características evidentes em todos os estados nos quais se desenvolve a resistência social organizada. No 14 de agosto de 2010, um maravilhoso espetáculo repressivo tomou lugar nas cidades chilenas de Santiago e Valparaíso conduzindo à perseguição de 14 pessoas, 8 das quais foram encarceradas e acusadas de todos os ataques armados, com explosivos e objetos incendiários, que aconteceram nos últimos 3 anos, contra alvos do Estado e do capital no país. A única prova concreta que os levaram a cárcere é sua identidade política, que é sintetizada por seus círculos sociais e suas atividades de luta.
Andrea Urzúa, Camilo Pérez, Carlos Riveros, Felipe Guajardo, Francisco Solar, Mónica Caballero, Pablo Morales, Rodolfo Retamales, que desde então estão encarcerados, levam uma luta importante desde 21 de fevereiro de 2011, em que começaram uma greve de fome exigindo sua liberdade assim como a abolição da lei antiterrorista. Logo após começar a greve, outros 2 companheiros foram reenviados à cárcere depois de um período de prisão domiciliar. Vinicio Aguillera e Omar Hermosilla se uniram à greve 2 dias depois. Através deste posicionamento todos eles demonstram claramente que não estão dispostos a resignar-se nas jaulas da democracia. Através de sua segunda exigência, conseguiram quebrar o isolamento social que fazia parte dos planos do Estado, colocando em evidência a profunda dimensão política de seu caso o qual é significativamente importante para todas as lutas sociais. O arsenal da lei, que todos os estados totalitários modernos têm a sua disposição, é uma ferramenta para a eliminação de qualquer um que seja inimigo consciente contra o domínio. Ainda que sejam os anarquistas os principais receptores da violência mascarada pelas leis, a força da lei do terror não vai extinguir-se depois deles. O resultado desta luta será um legado histórico para o movimento que não ficará parada dentro das fronteiras de nenhum país. Que aconteça então o mesmo com a solidariedade que será expressada, a partir de todos os lugares deste planeta, para com estes companheiros.
Nós lhes desejamos muita força até sua liberação. Nós ficamos juntos a eles nesta difícil luta contra as masmorras do Estado, contra o processo judicial discriminatório e classista, contra as merdas dos meios de comunicação e contra todos aqueles que tentarão bloquear seu caminho até a liberdade.
Assembléia pelo fomento da solidariedade e outros companheiros.
15 de março de 2011, Tessalônica, Grécia.
agência de notícias anarquistas-ana
vento de outono
a silenciosa colina
muda me responde
Matsuo Bashô

terça-feira, 22 de março de 2011

Nem um dia a mais na prisão




Em uma entrevista coletiva da qual participaram familiares, o Padre Alfonso Baeza e entidades de direitos
humanos, se exigiu a liberdade imediata dos jovens presos no “caso bomba”

DECLARAÇÃO PÚBLICA

No dia 14 de Agosto de 2010 um grande contingente de funcionários da “Policía de Investigación y de Carabineros” do Chile e suas distintas brigadas invadiram 17 casas nas cidades de Santiago e Valparaíso. Nestas invasões, foram detidas 14 pessoas que continuam até hoje na cadeia ou em liberdade condicional. Nove deles, presxs preventivamente, estão em seu 24 dia de greve de fome, em protesto contra os erros dos processos que xs mantém na cadeia.

Esta situação anda lado a lado com a decisão do fiscal Alejandro Peña de provocar uma crise na cidadania, afirmando que esses jovens detidos e as famílias que sofreram as invasões são “terroristas”, baseados e amparados na lei Antiterrorista, originária da ditadura, implementada e aperfeiçoada pelos governos posteriores. Já passaram mais de 6 meses desde estas prisões e ainda não existe sequer uma prova que demonstre que os detidos tenham colocado artefatos explosivos, a acusação principal do Fiscal Peña.

Nas invasões houve extrema violência: as portas das casas foram quebradas, os policiais estavam armados, filmando tudo com câmeras de vídeo e assim desrespeitando a intimidade daquelas famílias, além de ameaçar as pessoas que ali se encontravam, sem se importar com a presença de crianças e de mulheres grávidas.

Houve também ameaças que nos fazem lembrar do passado recente da ditadura militar, como por exemplo: “melhor você ficar tranquilo, se não já sabe o que vai te acontecer...” Foram invadidos inclusive o quarto das crianças, sendo suas coisas revistadas, seu brinquedos e fotos roubados, em uma operação que deixou entre 4 e 7 agentes por horas nas casas desas crianças.

É importante mencionar que as casas dos familiares mais diretos também foram parte da procedimento desse dia. Vários objetos de valor foram levados pela polícia, como computadores, maquinas fotográficas, impressoras, scanners, bicicletas e roupa, sem que até agora tenham sido devolvidos. As portas derrubadas e os danos causados nos móveis não foram reparados pelos responsáveis.

Desde este mesmo 14 de Agosto, familiares, amigos e amigas das pessoas que sofreram a invasão são vítimas de perseguição policial, grampos em seus telefones e em seus e-mails, e seus celulares são inclusive carregados misteriosamente para que continuem estabelecendo contato com seu mundo relacional.

Constantemente, por meio da mídia oficialista, saem artigos aonde se diz que serão detidas mais pessoas, e as redes mais próximas começam a se perguntar “Serei eu dessa vez, quem terá que viver na prisão?” Não se sabe de onde vieram esses rumores, mas sabemos, com certeza, o que há por trás deles: tentar paralisar, imobilizar e isolar estes grupos e pessoas.

O governo se posicionou de um lado, deixando totalmente impune a atuação da polícia e dos fiscais. no caso do Fiscal Peña, o promoveram a um grau de poder omnímodo, podendo agora decidir sobre a liberdade ou a prisão de pessoas que só por haverem protestado em causas sociais de caráter estudantil, mapuche ou de moradia, são castigadas com o poder do sistema.

O pior é que não importa se a pessoa é culpada ou não, porque a mensagem é mostrar à sociedade eficiência e eficácia no combate ao que consideram “ações terroristas”. Esse discurso a gente conhece bem.

É por isso que os familiares dos presos no dia 14 de Agosto, juntamente com as pessoas cujas casas foram invadidas esse mesmo dia e também com organismos de direitos humanos, fazemos um chamado ao Poder Judiciário para que estes fatos sejam investigados, já que constituem uso abusivo de força, de maneira reiterada, aplicada contra um grupo específico da população. Exigimos também que o julgamento que se realizará contra esses jovens seja feito com respeito irrestrito aos seus direitos e ao processo, sendo inadmissível que, em um estado de direito, exista sobre eles este nível de hostilidade, perseguição, amedrontamento e discriminação.

Santiago, segunda-feira 14 de março de 2011.-

Organizações:
Colectiva Babel, Ñuñoa
Centro de Salud Mental y Derechos Humanos, CINTRAS
Comisión Ética Contra La Tortura, CECT
Corporación de Defensa del Pueblo, CODEPU
Grupo Psicología por Ñuñoa
Familiares del 14
Observatorio Ciudadano

Pessoas:
Paulina Acevedo Menanteau. Jornalista, comunicadora em Direitos Humanos
Claudia Paz Bravo. Socióloga
Rosa Bravo.
Francisco Carreras Vicuña. Sociólogo
Roxana Castillo Castillo. Assistente Social
Cecilia Domínguez Garretón. Psicóloga, Professora de Filosofia.
Constanza Domínguez Garretón.
Mía Zorka Dragnic García. Socióloga
Claudia Drago Camus. Professora
Sebastián Drago Camus. Sociólogo
Claudio Escobar Cáceres. Engenheiro Civil y Professor Estado em Matemáticas.
Olga Espinoza Aros. Professora
Bárbara Faúndes Sobarzo. Professora Educação Geral Básica
Paulina Fernández Moreno. Psicóloga
Andrés Figueroa Cornejo. Jornalista
Verónica Garín Garín. Jornalista
Beatriz González Fulle. Professora de Filosofia
Adriana Goñi Godoy. Licenciada em Antropologia UCH
Milan Grusic Ibáñez. Opinante e cidadão
Jorge Morales Farías. Crítico de cinema
Gastón Muñoz Briones, Carnê 5.117.483-6
Solange Ordax Wiener. Desenhadora
Arnoldo Pérez Guerra. Historiador e jornalista.
Richard Pincheira Aedo. Consultor Agrícola

Osvaldo Rodríguez Zúñiga, Realizador
Irene Rojas Morales. Professora, Ex membro del movimento Contra la Tortura Sebastián
Acevedo.
Paz Rojas. Doctora, CODEPU
Carolina Sandoval Gómez. Tradutora
Teresa Silva Aranguiz. Secretaria Executiva, Ex membro del Movimento Contra La
Tortura Sebastián Acevedo
Beatriz Silva Pinochet. Socióloga
Alejandro Solar Domínguez
Constanza Solar Domínguez
José Solar Domínguez
Francisco Solar Rosende
Carmen Soria González-Vera. Fotógrafa y locutora
Viviana Uribe. Presidenta de CODEPU
Marcelo Urra. Psicólogo
José Venturelli. Pediatra, Vocero del Secretariado Europeu da Comissão Ética contra la
Tortura, CECT-SE
Rodrigo Yaconi V.
C Veloso

Estrangeirxs:
Raquel Padilla Ramos. Centro INAH, México
Joelle Tomasini. Profesora, Córcega, Italia
Pavel Pavelic Jofre. Fotógrafo y membro do Sindicato ARI, Bélgica.
COMABE-Solidarixs, Bélgica

sexta-feira, 18 de março de 2011

Comunicado inicial da Greve de Fome


21 de fevereiro: Acabou-se a paciência! Presos e presas da montagem bombas iniciam greve de fome líquida no Chile

[Aderem à greve: Mônica Caballero, Andrea Urzua, Rodolfo Retamales, Felipe Guerra, Camilo Pérez, Carlos Riveros e Francisco Solar.]

Comunicado:

Em 14 de agosto de 2010 o Ministério Público por meio da Promotoria Metropolitana Sul, emana uma série de ordens de detenção e invasões, aplicando todo o terror policial a casas particulares e centros culturais, que resulta na detenção de 14 pessoas nesta batida repressiva e comunicacional, conhecida midiaticamente como “Caso Bombas”. Todos acusados de pertencer a uma suposta associação ilícita terrorista criada na irracional mente de alguns “profissionais do direito” e que hoje nos mantém atrás das grades.

Há aproximadamente cinco anos se inicia a investigação do midiático “Caso Bombas”. Assim durante o governo de Bachelet, o Estado destinou três investigadores com dedicação exclusiva e com o objetivo de esclarecer a autoria de cada uma das bombas colocadas em estruturas financeiras, policiais, de serviço público ou outras. Neste tempo se recopilaram mais de 43 volumes com dados de fontes policiais, peritos criminais, testemunhas protegidas, declarações, vigilantes residenciais, perseguição a suspeitos e seu entorno familiar, intervenções telefônicas e invasões de casas e bibliotecas populares (todos os lugares em que a polícia irrompeu na madrugada do dia 14 de agosto de 2010).

Com todo este material nenhum fiscal nem juiz tomou a decisão de encarcerar ninguém. A evidência acumulada não é suficiente, é difusa e não permite identificar aos responsáveis da colocação das bombas. Inclusive o promotor Xavier Armendáriz declara ante as ânsias de resultados por parte do Ministério do Interior da época que “é necessário atuar com cautela investigativa ante as frágeis provas”, mas ainda quando os “autores das bombas não integram células violentas propriamente ditas, senão que se trata de grupos sem organização, nem chefes” (Emol 27 de novembro 2009).

Toda essa maneira de atuar no direito muda em 14 de junho de 2010 quando Armendáriz é retirado do cargo, produto de pressões do Ministro do Interior Rodrigo Hinzpeter e até do fiscal Nacional Sabas Chahuán. Assim, entra em cena o fiscal Alejandro Peña, descrito pelo diário La Tercera como “um paradoxo ambulante, o que resulta da fusão num só ser de burocracia judicial e policial com a fantasia de um ilusionista”. Com esta apresentação a montagem começa.

O promotor desenvolve uma nova estratégia sem reparar nos custos humanos que esta ação implica. Se antes os promotores que lhe precederam não puderam reconhecer, nem identificar organizações definidas, o fiscal se preocupou de inventá-las e buscar por todos os meios fazer com que as peças se encaixassem em sua nova “linha investigativa”. Estruturar a famosa associação ilícita com chefes aos quais não se falavam há anos; executores que nem se conheciam e o mais engraçado, financiadores europeus!!! Como se 950 euros enviados em uma ocasião a um dos acusados fosse uma grande remessa para ações subversivas (casas de segurança, carros, armas, documentação falsa, etc.). Quanta imaginação deste personagem, inclusive inventaram nexos entre um dos supostos cabeças com o paquistanês detido na Embaixada dos Estados Unidos por supostos traços de TNT e posteriormente posto em liberdade em poucas semanas.

Finalmente a fantasia ajuda a planificação desta “inovadora estratégia”, sobretudo com a campanha midiática, informativa e comunicacional realizada pelo meios de comunicação oficiais da informação que começam a entregar dados dos supostos suspeitos de colocar artefatos explosivos, lugares que freqüentam, perfis de supostos líderes, etc. Os dardos apontados à pessoas vinculadas a espaços sociais, canais e rádios comunitárias, estudantes que aderem a idéias libertárias, ex-presos políticos e todos reconhecidos críticos do modelo neoliberal e solidários com a luta dos povos, em especial com a levada a cabo pelos Mapuches em seu anseio por manter sua identidade, cosmovisão e território. Não se perseguem atos senão idéias, relações de amizade, bibliotecas autônomas, casas okupadas e espaços de cultura, arte e de encontro comunitário.

Uma vez desenhado o cenário teatral, seus protagonistas e correspondentes características físicas e psicológicas, com a opinião pública perfeitamente moldada, o golpe repressivo se desata; para então havia transcorrido 2 meses desde que assume como diretor da montagem jurídico policial Alejandro Peña. Com as mesmas pastas, os mesmos diálogos, lugares, atores e um renovado guia incriminatório e espetacular operativo toma os canais televisivos na manhã do dia 14 de agosto de 2010.

Logo de nossa detenção a promotoria solicitou três dias para formalizar-nos dos fatos acusatórios, situação que na prática deveria realizar-se ao mesmo dia da nossa prisão. Posteriormente solicita um prazo de 180 dias (6 meses) de prisão preventiva até o término das investigações, prazo que acabou em 14 de fevereiro de 2011, dia em que nos notifica que a promotoria bis submeterá a uma nova formalização em 16 de março de 2011, tudo isso encarece ainda mais este julgamento. Nada nos disse que Alejandro Peña solicite mais 6 meses como prazo para armar seu quebra-cabeça policial.

Nesses longos meses não só permanecemos 22 horas diárias em celas individuais de 2×3 metros, visitas 1 vez na semana com nossos familiares durante 3 dias em reduzidos espaços sem luz natural, senão que também vivemos na própria carne a tortura dos funcionários do Estado. Como mostra, em 8 de outubro de 2010 profissionais do Serviço Médico Legal, mais agentes de LABOCAR, DIPOLCAR e agentes extraíram violentamente amostra de DNA de cada um dos acusados, para ser contrastadas com as amostras recolhidas nos lugares dos bombaços. Esta “prova científica” não produziu nenhuma relação entre nós e o encontrado nos lugares do acontecido.

Por outro lado, somos testemunhas de como as evidências nas pastas investigativas só se afirmam em conjecturas policiais baseadas em amizades, laços familiares ou concorrência à marchas públicas, atividades político-culturais e sons; ainda assim neste contínuo suposto, cabe assinalar que entre todos os acusados não nos conhecíamos até a nossa detenção, assim, é impossível que conformemos alguma suposta “associação ilícita”, menos ainda uma organização.

Cabe assinalar que em nenhuma das invasões realizadas se encontrou algum tipo de evidência nem material para a fabricação de artefatos explosivos, tampouco existem provas digitais ou gravações que inculpem a nenhum dos acusados

Ante os vícios e aberrações judiciais, pastas secretas, intervenções telefônicas a nossos advogados, a contínua utilização de testemunhas protegidas com antecedentes psiquiátricos como Rodrigo Vera Morales e Gustavo Fuentes Aliaga e por tudo anteriormente exposto, decidimos começar uma greve de fome de caráter líquida a partir das 00:00 horas do 21 de fevereiro de 2011 exigindo:

1. Liberdade imediata

2. Término da montagem jurídico-policial

3. Fim da lei anti-terrorista herdada da ditadura e aperfeiçoada na democracia

4. Fim dos prazos investigativos e realização imediata de um julgamento justo

Não mais as montagens midiáticas, jurídicas e policiais!

Liberdade a todos os presos políticos chilenos e Mapuches!

MACARRONADA SOLIDÁRIA EM SANTIAGO

Macarronada solidária para xs compas seqüestradxs
Demorou para rolar uma dessas por aqui
Solidariedade!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Criminalização das Lideranças Guarani Kaiowa no MS


“Quando nós indígenas nos organizamos e retomamos nossas terras, eles [o Estado] nos chamam de formadores de guadrilhas, ladrões, invasores, bandos e processam a gente e nos prende, nos torturam, nos massacram e nos matam.” (Liderança Guarani Kaiowá durante encontro Aty Guassu, realizado no ultimo fim de semana, dias 11, 12 e 13 de março de 2011, na aldeia Takuara, Juti – MS.

As lideranças reunidas na selebração do Aty Guassu, manifestaram preocupação com o precesso de criminalização que vem sofrendo desde as primeiras retomadas.

No Mato Grosso do Sul, indígenas acampam nas margens das estradas e rodovias a espera de que o governo demarque e homologue suas terras.

Um desses grupos, a comunidade Laranjeira Nhanderu, acampado ha quase dois anos na BR 163, municipio de Rio Brilhante, foi despejado do local a pedido da DNT (consorcio rodoviario). Antes de acamparem na margem da rodovia, foram despejados pela justiça federal de sua Tekoha. “Para onde eles vão, aquelas familias, que já foram despejados de suas tekoha e encontraram na margem da rodovia uma opção para se organizarem e morarem?”, indaga uma das lideranças, indignado pela situação que estão passando.

Quando os pistoleiros não dão conta de calar e conter as lideranças indígenas é aí que o Estado brasileiro entra na questão, não para defender e proteger os interesses dos povos indígenas como consta na Constituição Federal, mas para criminalizá-los, acusando-os de formação de guadrilha, invasão de propriedade e logo vem as prisões, no Estado do Mato Grosso do Sul, hoje estão presos 148 lideranças indigenas.

Não existe nenhum conflito causado pelos indígenas, a situação de guerra que se estabelece por todo o pais é ocasionada pela não demarcação das terras dos povos indigenas, ou seja, quem provoca a situação de conflito é o Estado brasileiro, que além de não cumprir com o estabelecido nas leis nacionais e internacionais, ainda se omite na hora de penalizar os invasores e assassinos de indígenas, fazendo da impunidade mais uma arma contra os povos indígenas.

segunda-feira, 14 de março de 2011

CÁRCERE DE ALTA SEGURANÇA INHUMANIDADE, REPRESSÃO E REBELDIA


Não é mais somente o corpo, é a alma. À expiação que causa estragos no corpo deve acontecer um castigo que aga em profundidade sobre o coração, o pensamento, a vontade, as disposições”

Michel Foucault, “Vigiar e Punir”

A prisão política é um dos recursos de que dispõe o poder para reprimir a dissidência, especialmente aquela que se levanta contra o seu monopólio da força. O confinamento dxs opositorxs existe desde que a sociedade se divide em classes. Os castigos mais comuns para esmagar qualquer expressão organizada capaz de questionar a dominação dos proprietários do capital foram o genocídio, o crime político, os longos confinamentos carcerários, a relegação, o exílio e a contenção.

CAÇA AXS REVOLUCIONÁRIXS: ANIQUILAR CORPOS E IDÉIAS

O Cárcere de Alta Segurança (CAS) do Chile foi construído durante a chamada “transição à democracia”, período de continuidade do modelo econômico neoliberal, a permanência da institucionalidade ditatorial e a impunidade com os dos direitos humanos. Os governos sucessivos da concertação combateram a dissidência social e o agir político militar das organizações rebeldes, aplicando a lei de segurança interior do estado -amplamente utilizada pela ditadura militar- mas desta vez a “enriqueceram com o conceito de segurança cidadã, melhor adaptado às condições do período pós-ditadura. Começando assim um tortuoso (até hoje) processo de “pacificação”, amparado por uma campanha comunicacional que justifica sua estratégia. A utilização freqüênte nos meios de comunicação de conceitos como “delinqüênte terrorista”, ou “delinqüênte subversivo” procura estimular a adhesão e simpatía da sociedade aos procedimentos policiais e dar aval ao castigo exemplificador que se propõe para xs sobreviventes.

O CASTIGO PARA XS SOBREVIVENTES

A construção do Cárcere de Alta Segurança (O CAS) no governo Aylwin construiu-se na Av. Pedro Montt – muito perto do centro de Santiago -. Foi no começo do ano 1993, os presxs “comúns” da confinada ex penitenciária puderam ver desde suas celas os progressos da maquinária pesada que construía um recinto penal que foi considerado inédito na história penitenciária do país.

Para o design, o ministro de justiça, Francisco Cumplido y o ministro do interior, Enrique Krauss, tiveram a assessoria de especialistas de recintos penais especiais para “terroristas”, a polícia espanhola e os serviços de inteligência secretos italiano e alemão. Tal design foi inspirado, segundo eles, nas “experiências recolhidas na Inglaterra, irlanda, Alemanha e Itália”. O que não disseram é que a experiência Eurpeia tinha demonstrado que esse tipo de estabelecimentos penais “…gerava 2 condutas associadas, o suicídio e o enlouquecimento, como tinha ocorrido em Irlanda e na prisão de Stammheim en Stuttgart com militantes do IRA e da RAF1, respectivamente”, produto do isolamento ou a chamada “tortura branca” que priva x prisioneirx de toda experiência sensorial.

O governo da concertação concebeu para xs presxs polítcxs uma prisão na qual se aplicaria um regime disciplinário especial, baseado na segregação interna e externa. Uma prisão que incorporou os fundamentos teóricos e o design estrutural do panóptico e os úlitmos avanços da criminología e do castigo carcerário, que teve como propósito destruir ao/à prisioneirx políticx, isolando-x de seu entorno familiar, social e de suas organizações. É desde o 1º momento, que xs presxs políticxs enfrentaram à prisão com seus próprios corpos, mas também com ideias. Criminalizadxs pela campanha de difamação orquestrada pela mídia.

O CAS sería então, o lugar preservado para xs que, na década de 80 e nos 90 tinham participado em ações armadas, isto é, para aqueles que militavam em grupos ou movimentos revolucionários “não renovados”, “não pacificados”, “intransigentes”, “rebeldes”, “subversivos”, “extremistas”.

Ainda hoje, no ano 2011 o CAS tem como objetivo o extermínio dxs presxs através do esquecimento, da criminalização de suas organizações, um castigo exemplar e sem perdão possível para o “terrorista” e seu aniquilamento físico e mental.


Hoje em dia tem várixs companheirxs libertárixs seqüêstrados:

Mónica Caballeros: EM GREVE DE FOME (desde o 21 de fevereiro de 2011); Seqüestrada no C.P.F., no SEAS, cumprindo prisão preventiva de 180 dias.

Andrea Urzúa: EM GREVE DE FOME (desde o 21 de fevereiro de 2011); Seqüestrada no C.P.F., noSEAS, cumprindo prisão preventiva de 180 días.

Pablo Morales: Seqüestrado no M.A.S. do C.A.S. Cumprindo prisão preventiva de 180 dias, formalizado por associação ilícita.

Rodolfo Retamales: EM GREVE DE FOME (desde o 21 de fevereiro de 2011); Seqüestrado no M.A.S. Cumprindo prisão preventiva de 180 dias, formalizado por associação ilícita.

Vinicio Aguilera: EM GREVE DE FOME (desde o 21 de fevereiro de 2011); Seqüestrado no M.A.S. do C.A.S. Cumprindo prisão preventiva de 180 dias, formalizado por associação ilícita.

Felipe Guerra: EM GREVE DE FOME (desde o 21 de fevereiro de 2011); Seqüestrado no M.A.S. do C.A.S. Cumprindo prisão preventiva de 180 dias, formalizado por associação ilícita.

Carlos Riveros: EM GREVE DE FOME (desde o 21 de fevereiro de 2011); Em “liberdade” mas com medidas cautelares, formalizado por associação ilícita.

Camilo Pérez: EM GREVE DE FOME (desde o 21 de fevereiro de 2011); Seqüestrado no M.A.S. do C.A.S. Cumprindo prisão preventiva de 180 dias, formalizado por associação ilícita.

Francisco Solar: EM GREVE DE FOME (desde o 21 de fevereiro de 2011); Seqüestrado no M.A.S. do C.A.S. Cumprindo prisão preventiva de 180 dias, formalizado por associação ilícita.

Omar Hermosilla: EM GREVE DE FOME (desde o 21 de fevereiro de 2011); Seqüestrado no M.A.S. do C.A.S. Cumprindo prisão preventiva de 180 dias, formalizado por associação ilícita.

Cristián Cancino: Em “liberdade” mas com medidas cautelares.

Diego Morales: Em “liberdade” mas com medidas cautelares.

Candelaria Cortez: Em “liberdade” mas com medidas cautelares.

Iván Goldenberg: Em “liberdade” mas com medidas cautelares.

C.P.F.: Centro Penitenciário Feminino
S.E.A.S.: Seção de Alta Segurança
C.A.S.: Cárcere de Alta Segurança

M.A.S.: Módulo de Alta Segurança

Medidas Cautelares: Obrigação de permanecer no país, proibição de comunicar-se entre si, assinatura semanal, proibição de visitar xs detentxs e de se aproximar aos centros sociais e okupas invadidas, vasculhadas e interditadas pelas autoridades.

Para elxs a mídia criou o conceito de “delinqüente terrorista” ou “delinqüente subversivo”.

O CAS se construiu no interior da penitenciaria, é uma prisão no interior de outra prisão invisível ao olhar do transeúnte que passa adiante de suas altas muralhas. Uma prisão que está longe da sociedade, não tanto por sua distância física, mas pela vontade de ocultamento e da invisibilidade -”habitamos um lugar paradoxal, um lugar sem lugar reconhecido, um ponto invisibilizado e, por sua vez, exemplar. Um modelo de túmulo e monumento que no final acabou sendo um grande cubo de cimento”2.

Isto é, para xs que estão alí recluídoxs, significa estar marginalizadx totalmente da sociedade por meio do esquecimento, do silêncio, do isolamento extremo. “Desde o ponto de vista arquitetônico, esta prisão é o contrário a uma prisão comum. O CAS não se vê, é uma prisão invisível... esta prisão está no ventre do ventre, isto é, está absolutamente oculta aos olhos da sociedade, porque seu objetivo é a desaparição no esquecimento das pessoas que alí se encontram. Os delitos cometidos pelxs que estão dentro não podem ser perdoadxs, não há lugar alí para o perdão, não há lugar alí para um vínculo com a sociedade, sua finalidade é o aniquilamento total e absoluto dos réus e incentiva, além do mais a ausência da possibilidades de reinserção. Isso quer dizer, que no Chile, é muito mais perigoso um “terrorista” -como normalmente se qualifica a uma pessoa que está no CAS-, que um estuprador ou um pedófilo, esta prisão foi pensada para destruir a imagem rebelde e subversiva de um grupo de jovens consideradxs como xs mais perigosxs do país3

Assim, sabe-se que toda prisão tem o triplo objetivo de: Prender, punir e aniquilar.


Uns castigos menos imediatamente físicos, certa discreção na arte de fazer sofrer, um jogo de dores mais sutís, mais silenciados e despojados de seu fasto visível”


Michel Foucault, Vigiar e Punir

Este recinto, dependente da gendarmeria do Chile, entrou em funcionamento no 20 de fevereiro de 1994, mas o decreto que o criou no 25 de fevereiro de 1994 foi publicado somente no 10 de maio do mesmo ano.

Toda a circulação interna está controlada através das grades e portas operadas por funcionários ou por dispositivos eletrônicos e câmeras de circuitos fechados de TV que dominam todo o trajeto dos corredores e pontos-chave. Este mesmo tipo de câmeras se localiza nos refeitórios, pátios e corredores de todos os andares. A isso se associa a presença permanente dos funcionários internos da gendarmeria, e casinhas de controle e vigilância localizadas na saída de cada módulo, vidros polarizados, portões elétricos e segregação” (descrição dxs presxs do CAS).

O cárcere de Alta Segurança tal como está concebido, não visa a rehabilitação mas a destruição psiquica dxs que estão alí confinadxs por ser consideradxs altamente perigosxs ou como se pode dizer: não aptos para ser reintegrados na sociedade.4

Porém, o rigoroso sistema disciplinário da CAS não os aniquilou, porque “na comunidade de presxs políticxs existem certos padrões de existência que lhes permite resistir. Isto é, sua resistência está ligada diretamente com o que chamamos de práticas de evasão... que ajudam de certa forma a anular o objetivo da construção bem pensaba para este recinto5.

Xs presxs políticxs, além de terem sobrevivido às duras condições do CAS por ter resistido cotidianamente ao confinamento, pois desenvolveram afetos e habilidades, mas acima de tudo, porque se reconhecem como parte do continum histórico das lutas dxs oprimidxs. Questionando a vontade de extermínio e os mecanismos “normalizadores” do governo, sobre a base de que a prisão política é a expressão mais acabada da normalização social”.


APELAMOS A QUE A SOLIDARIEDADE ULTRAPASSE OS MUROS DO CAS E AS FRONTEIRAS!!

Presxs a la calle… abajo los muros de las prisiones!


TEXTO ELABORADO A PARTIR DO LIVRO “CARCEL DE ALTA SEGURIDAD” DA JORNALISTA VICTORIA ZAPATA, EDITORIAL MARE NOSTRUM. CHILE.

RESUMIDO, MODIFICADO E INTERVIDO POR NÓS

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1 Fracção do exército vermelho, organização alemã criada na Europa nos anos 70 quando se colocava a necessidade no movimento operário e estudantil da luta armada como estratégia revolucionária para vencer o sistema Imperialista-Capitalista.

2 Palavras de Pedro Rosas, ex-preso político.

3 María Emilia Tijoux, socióloga, deu aulas no CAS.

4 María Emilia Tijoux.

5 idem

domingo, 13 de março de 2011

A LIBERDADE É O CRIME QUE PERSEGUEM



COMUNICADO N°3 DE GREVE DE FOME

A cada dia que neste premiante claustro revisamos as "provas" que se apresentam nos mais de 50 tomos da pasta de investigação do "caso bombas", mais razões e força encontramos para continuar com nossa firme convicção de manter nossa greve de fome que começamos no 21 de fevereiro para conseguir nossa tão almejada liberdade.

São 5 anos de monitoração, perseguições e locais fixos de vigilância onde ficaram impressos todos e cada um de nossos movimentos. Espionagem a cargo de centos de funcionários formados em várias equipes de elite da Polícia de Investigações e Carabineros, coordenados pela Agência Nacional de Inteligência, os que acumularam 60.000 grampos telefônicos (1), onde nossa privacidade nunca foi importante. Tudo dirigido por uma equipe de fiscais com dedicação exclusiva, que pediram assessoria a especialistas italianos em grupos antisistêmicos e solicitaram ajuda até mesmo ao FBI para desarticular a dissidência.

Quais são as irrefutáveis provas que todo esta gigante aparelhagem repressiva esgrime para nos inculpar? Só como uma amostra, não para nos extender vamos exemplificar com:

1. Uma foto de Felipe Guerra onde se vê ao jovem escrevendo seu apelido e desenhando uma bomba tipo ACME na beira do mar.

2. Uma conversação telefônica entre Rodolfo Retamales e a mãe de seu filho, onde perguntava a ela se tinha alimentado o gato e se seu filho continuava dormindo. Isto, de acordo com a fiscalia é a prova de que estavam comunicando-se "em código".

3. Um esquema de planificação encontrado no computador de camilo Pérez tamayo, com objetivos específicos e transversais, materiais a utilizar, etc. Estas planificações pedagogicas são requisito em todas as escolas para organizar o ano escolar e atingir os conteúdos mínimos obrigatórios de ensino. De acordo com os fiscais isso sería o "plano criminoso" da organização, nunca mencionaram que o imputado estudou Pedagogia Básica na Universidade.

4. 44 imagens georeferenciais de atentados ocorridos nos últimos anos. Segundo a fiscalia essa "prova" demonstraria a altíssima tecnologia usada na preparação dos ataques. O que se "esqueceram" de mencionar na formalização é que estes arquivos não foram criados por nenhum imputado, mas por designers do jornal La Tercera e foram baixados de seu site na internet.

Como os leitores podem ter percebido, nenhuma das "provas científicas" nos situa no lugar de nenhum atentado, não tem filmagens, nem digitais, nem mostras de DNA, não há químicos nem materiais para fazer artefatos explosivos em nossas casas invadidas e vasculhadas no 14 de Agosto, nenhuma das provas é categórica, apenas suposições e sonhos de um fiscal desesperado por fama e glória que nos tem presxs faz mais de 200 dias sem nenhuma prova concreta.

Somos acusadxs de associação ilícita (formação de quadrilha) terrorista somente por viver e visitar casas okupas e bibliotecas libertárias. O que tentam é ilegalizar a amizade e criminalizar os afetos entre indivíduos que tem idéias emancipadoras similares e dos quais, pelo menos a metade, NÃO se conheciam antes da formalização.

Se bem não se demonstrou nossa responsabilidade nos ataques, o governo nos condenou faz tempo. O ministro de interior Hinzpeter vem pedindo reiteradamente resultados ao Fiscal Nacional, que cedeu a suas pressões e mudou o antigo fiscal para colocar em seu lugar ao fiscal Peña que em tão somente 58 dias e com as mesmas "provas" que o fiscal anterior "resolve" o intrincado caso, enquanto risoño e satisfeito, o Presidente do Chile Sebastián Piñera declara: “Me apraz que nossas forças de ordem e segurança tenham conseguido capturar a um bando que agia como uma associação ilícita para colocar bombas e aterrorizar a população"(2). Em qualquer lugar do planeta estas palavras denotam que não existem garantias judiciais neste caso. Mas desde que o governo asseguram ridículamente que estas palavras não são uma pressão para os juízes e que "teremos um julgamento justo”(¿!).

Obviamente este caso tem vários sinais; o primeiro é que pretendem vender à cidadania a imagem e que a investigação está avançando e que os numerosos recursos esbanjados en controle e vigilância não foram desperdiçados. E o segundo sinal é que para todo aquele que seja dissidente, individual ou coletivamente, que entenda que será perseguido sem piedade pelas autoridades.

O poder tenta fazer dos atentados a instituições e símbolos do capitalismo uma "pequena Bagdá", argumentando que "aterrorizam à sociedade". Nada mais distante da realidade! Não existe nenhum atentado contra as pessoas nem ataques indiscriminados contra a população. Não conhecemos a sujeito algum que tenha temor ao sair a rua por medo a ser ferido por uma bomba.

Por isso sabemos que a ley antiterrorista é improcedente. Essa funesta lei que tem entre suas atribuições os mundialmente reprovados testemunhas sem rosto, a triplicação das condenas, e diante de uma apelação a unanimidade da decisão dos juízes para sair em liberdade, quando normalmente é com uma maioria simples.

Não consideramos necessário extender este comunicado. Pensamos que ficou claro a debilidade das provas com as que estamos sendo acusadxs, porque desde o começo do "caso bombas" tem sido um castelo de cartas que tem caindo aos pedaços.

Saudamos afeituosamente a todxs xs que tem nos apoiado nestes 7 meses de confinamento e a todxs xs que solidarizam e divulgam nossa greve de fome. para elxs todo nosso carinho e nossa força.

Seguimos exigindo:
1. LIBERDADE IMEDIATA.
2. FIM A ESTA FARSA JURIDICO-POLICIAL.
3. FIM AO PRAZO DE INVESTIGAÇÃO E JULGAMENTO IMEDIATO.
4. NÃO AO PROCESSAMENTO PELA LEY ANTITERRORISTA, ABOLIÇÃO DESTA LEI DITATORIAL.

Santiago, 10 de Março 2011, a 17 días de iniciada a greve de fome.

Notas:
(1): Diario El Mercurio, 15 de Agosto 2010
(2): Diario La Tercera, 16 de Agosto 2010