DIA DO JOVEM COMBATENTE: DA MEMÓRIA HISTÓRICA À GUERRA SOCIAL
"Villa Francia, e suas noites combativas,
valeu pelo seu amor e rebeldia..."
valeu pelo seu amor e rebeldia..."
Centos de jovens durante a ditadura militar "liderada" por pinochet, assumiram com toda generosidade e compromisso sua luta, nao somente contra uma ditadura sangrenta, mas também pela destruiçao do sistema capitalista. Entre eles, Eduardo e Rafael Vergara Toledo, jovens militantes do que era entao Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR), e participantes ativos das organizaçoes de base de sua favela, a Villa Francia.
Um 29 de Março de 1985, ambos irmaos, os que já nao viviam com sua família, devido a que estavam sendo procurados pelos aparatos repressivos do regime, assim como tantos outros jovens, andavam pelo bairro, com a intençao de realizar uma atividade de homenagem a um amigo e companheiro, Mauricio Mairet, assassinado pela polícia num 29 de março de 1984. A umas quantas quadras de sua favela, quase ao chegar à intersecçao das ruas 5 de abril com Las Rejas, sao interceptados pelos guardioes da órdem dos ricos, e sem mediar enfrentamento sao metralhados covardemente.
Naquela noite, o som das balas assassinas, nao ficaram em silêncio, e a impunidade instaurada pelo esquecimento nao teve eco. Além dos assassinos, depois de uma longa investigaçao, impulsionada pela família e amigos, a que absurdamente continua até hoje, há 23 anos da morte do Eduardo e do Rafa, nao conseguiu identificar e ajuizar a alguns dos policiais assassinos, estes ainda transitam pelas ruas com toda impunidade que obviamente têm amparado a justiça burguesa e os governos da concertaçao democrática. Embora a gente acredite que a prisao nao é nenhuma soluçao, nem para nossos inimigos.
Mas a memória do povo, nao permitiram que este covarde assassinato aos sonhos se transformasse num memorial sem tom. Desde o seguinte mês, amigos e residentes da Villa francia, acompanhando a família, iniciaram uma peregrinaçao ao lugar exato onde os jóvens tinham sido assassinados, o que começou sendo um ato de rememoraçao e de denúncia por todos os assassinatos que vinham ocorrendo se transformou sem volta atrás no dia do Jovem Combatente. Os primeiros anos realizavam-se atos em homenagem cada 29 em Villa Francia, mas com o transcurso dos anos, as mobilizaçoes se transladaram a outras populaçoes e centros universitários do país.
O 29, nao é apenas uma jornada de recordaçao, é o dia em que xs exploradxs nos rebelamos contra tudo o que representa este sistema de exploraçao: o respeito à propriedade dos ricos e à paz social instaurada, o medo ao estado policial imposto, o esquecimento de nossa história. Nao é somente pelo Eduardo e o Rafa, estao Pablo Vergara Toledo, Norma Vergara, Claudia Lopez, Alex Lemun, Rodrigo Cisternas, Matias Catrileo, e as centenas de mulheres e homens anônimos e nem tao anônimos que tem dado sua vida, em ditadura e em democracia, para contribuir à transformaçao deste sistema que mantêm a humanidade na escravidao.
UM DIA DE FÚRIA E DE ALEGRIA DXS EXPLORADXS.
Em marzo de 2007, dado o efetivo mediático gerado pelo governo com a cumplicidade permanente dos meios de comunicaçao da mídia burguesa, a partir de sua campanha de terror, o dia do jovem combatente e seu orígem histórico se fez conhecido por grande parte da populaçao do país. Até este momento ainda havía muitxs que nao sabiam nada, nem o que significava o "día do jovem combatente", dado o cerco informativo instalado por anos.
Durante o ano de 2006 se desenvolveram fortes mobilizaçoes por parte dos estudantes secundários (o que inclui a ocupaçao de colégios e enfrentamentos com a polícia no centro da cidade); o que se somou ao malestar generalizado da populaçao em contra do fracassado plano de transporte instaurado pelo governo, gerando um clima de conflito, no que muitxs se somaram às comemoraçoes do 29 de março. Estas duas situaçoes levaram a tal pânico para alguns, o que foi incentivado pela mídia, que tanto no centro da cidade como no entorno pareciam estar prontos para uma invasao do exército taleba.
Días antes realizaram-se ataques explosivos a entidades do capital. Junto com enfrentamentos nos centros universitários, o que dava início à comemoraçao ativa do jovem combatente.
Os enfrentamentos diurnos se desencadearam no centro da cidade, desenvolvidos principalmente por estudantes secundários, os que inclúem centenares de detentos. Um dos fatos que marcaram a jornada foi o ataque ao carro que era dirigido por uma juíza, trazendo como consequência, logo após uma investigaçao, a detençao de um jóvem antiautoritários (indicado pela imprensa burguesa em setembro de 2006 como o suposto responsável do ataque com uma bomba molotov à la moneda). Este novo cenário de enfrentamento diurno no centro da cidade, surge por primeira vez em 2007 a 22 anos da morte dos irmaos vergara.
Durante a noite às barricadas, e os enfrentamentos com as forças policiais, inundaram a cidade de muitas favelas, o que se caracteriza pela massividade e a alta presença de armas de fogo.
A MEMÓRIA HISTÓRICA ATIVA A LUTA DE CLASSES.
A chama se ascendeu este ano, quando o 18 de março na madrugada explodiu um artefato de grande potência composto por TNT e pólvora, destruíndo por completo um caixa eletrônico e grande parte do primeiro andar da sucursal do banco BCI localizado no luxuoso bairro de Providência. A açao foi reivindicada pelas "colunas armadas e desalmadas jean-marc rouillan" (Membro que rcém saiu em "liberdade" na França, ex militante do grupo francês Accion directe )
Um pedaço do comunicado assinala: …" Sao nossos inimigos que se escondem nesses bueiros que chamam de quartéis... os atacaremos como hoje bombardeamos este templo do roubo institucionalizado. Talves a próxima vez ataquemos seus lares, porque nao? Eles o fazem quando declaram que algum indivíduo representa um perigo para sua sociedade, assediando famílias e encarcerando pessoas com alguma desculpa que encobre o sequestro e a chantagem legal. Nossa açao é em defesa... e ataque!!..." Enriquecer-se nao é mais do que roubar o trabalho e dinheiro dos outros. A propriedade é um roubo. Aquilo que os verdadeiros ladroes chamam de "roubo" nao é mais do que a recuperaçao do que nos foi roubado. Recupera!!!..."
Produto destes fatos, de forma desvairada e eufórica, dado o tamanho da explosao ( que foi novedosa apesar das já cerca de 40 detonaçoes nos últimos dois anos) o portavoz do governo da concertaçao de partidos pela democracia, Francisco Vidal disse: "Vamos dar uma resposta com tudo... no marco da lei, com TODA A FORÇA... do direito...
A situaçao torna-se mais absurda -ou evidente- desde a perspectiva revolucionária: eles fazem a lei, eles sao o direito. Uma mensagem clara para os incontrolados: a repressao esta vindo com tudo, anunciam-se as medidas a utilizar: lei de segurança interior do estadp, lei antiterrorista, maiores faculdades das forças repressivas, ameaça de incremento no trabalho de inteligência contra os grupos subversivos, especialmente contra os anarquistas.
A açao ofensiva contra o banco causou uma repercussao mediática e policial que trouxe durante os dez dias seguintes uma corrente de ameaças de bomba em diversos lugares, com uma média de mais ou menos oito ameaças diárias. Alguns dos objetivos eram claros (instituiçoes governamentais, ministérios, bancos, canais de televisao, etc) mas logo tornaram-se duvidosas as motivaçoes: um terminal de ônibus de alta afluência de público, um hospital. A mídia acusou a todos como pertencentes a algum grupo anarquista e fizeram mençao ao dia do Jovem Combatente.
O G.O.P.E (Grupo de Operaçoes Especiais) encontravaçse durante o dia todo constantemente revisando e checando lugares. (Quase todos os atentados ocorridos no $hile, nao foram anunciados com antecipaçao, pois estes se desenvolvem durante a noite e sao dirigidos a instituiçoes do capital, os grupos asseguraram desta forma que nao há vítimas "inocentes").
Como exemplo do anteriormente mencionado, dias antes do 29 detiveram a um menor de idade com síndrome de down acusado de fazer um par de chamadas, e um advogado (sem vontade de trabalhar) que teria efetuado as ameaças telefônicas aos centros de justiça, durante o mês de fevereiro. É justamente em março e no contexto do conjunto de ameaças onde é detido e mediáticamente utilizado para amedrontar aos grupos antisistêmicos.
Na madrugada do 26 de março estoura uma bomba de menor intensidade (extintor com pólvora comprimida) num banco, estragando as janelas (nao houve chamadas telefônicas nem feridos).
Diante desses fatos encarregam ao fiscal Leonardo de la Prida de levar a cabo as investigaçoes e as próximas detençoes em contra dos "violentistas" para o 29. O carrasco fiscal de la Prida orgulha-se ainda da invasao-montagem contra uma casa okupa no 26 de setembro de 2006 acusada de ser uma "fábrica de molotov".
Os portavozes do capital anunciam 100 pessoas identificadas que através da biometria seriam detidas se tentassem participar em alguma manifestaçao durante as jornadas de mobilizaçao.
O 28 de março amanheceu com um chamado de mobilizaçao por parte dos estudantes secundários. A grande quantidade de vehículos policiais dispostos no centro da cidade demonstram o estado policial instaurado. Apesar da forte repressao produzem-se pequenos enfrentamentos resultando en numerosxs detentxs. Os distúrbios e o dano à sacrosanta propiedade privada foram considerávelmente menores ao ano anterior.
A MORNA NOITE DO 29, E O AMANHECER DO 30 DE MARÇO ASCENDEU COM O CALOR
DAS BARRICADAS.
O peso da noite nas periferias da cidade se iluminou pelas barricadas que insurretas, desafiavam a enjoativa ordem e o chamado à calma realizado pelos que se dizem nossos patroes.
Centos de jovens foram às ruas a combater com tudo o que tinham nas suas maos: pedras, paus, coctéis molotov, armas de fogo. Uma vez mais as periferias históricas por sua combatividade: Villa Francia, Lo Hermida, La Pincoya, Pudahuel, La Victoria, deram vida à jornada noturna com sua memória ativa e ofensiva. Também se invadiram as ruas da comunca de Cerro Navia, com barricadas e pedras, específicamente nas ruas huelen com mapocho. Barricadas na avenida los morros, na comuna de Lo Espejo e na avenida matta com arturo prat; esta útlima em pleno centro de santiasko.
Dentro de todxs xs detentxs das jornadas de reyerta, na comuna de pudahuel, na praça Víctor Jara, resultou sequestrado pela polícia um companheiro anticapitalista, Marcelo Dotte López, ex militante na década de 90 do Movimento Juvenil Lautaro, acusado de porte de bombas molotov, em que em parte do "perigoso arsenal" encontravam-se panfletos, bandeira rubronegra e uma faixa, isso é o que foi mostrado pela fraudulenta mídia burguesa. Também foram detidxs outrxs cinco garotos, ficando 3 em prisao preventiva por 60 dias. Dessa forma foi invadida com a violência que caracteriza a polícia, a casa da família de Marcelo dotte, tal como declarou sua mae depois da detençao de seu filho.
Isto nao é mais do que a demonstraçao da constante e séria perseguiçao axs lutadorxs sociais, e em particular axs logo de uma média de dez anos de prisao, foram militantes da organizaçao já extinta, MAPU-LAUTARO com seu movimento juvenil LAUTARO. A caça às bruxas continua, começou com a ascençao da democracia em 1990.
De acordo ao informado pelos aparatos repressivos pela mídia burguesa, registraram-se 122 detentxs, sendo 77 menores de idade, resultando nisso tudo um menino com queimaduras. Seis jovens tambem, resultaram detentxs, acusadxs de porte de bombas molotov na comuna de Conchalí. A mídia afirmou que "os fatos foram menos violentos de que nos anos anteriores". Será que nas ruas das periferias estavam cheias de policiais, com seus carros blindados e tanques? Os saldos para as forças repressivas sao de 9 policiais feridos, um deles causado por um ferimento no joelho, no párpado e no nariz (ha, ha, ha).
Da mesma forma, num confuso acidente, acabou morrendo, René Palma Mancilla, de 26 anos, que recebeu um disparo no tórax, na Villa Francia. Segundo o informado, transitava pelas ruas da periferia, para dirigir-se a sua casa, logo de ter participado de um ato político após ser ferido e sem estar mais no local, tería sido auxiliado pelo prefeito da comuna de Cerillos já que nem a polícia nem a ambulância pôde entrar pelas dezenas de barricadas. Isto foi o que informou a mídia burguesa, a que insinúa que disparo teria sido feito por um grupo de encapuzados, que o haviam acusado de ser um infiltrado policial. A situaçao nao deixa de nos admirar, a estas alturas pensamos que foi morto por policiais infiltrados na periferia, e que tudo nao é mais do que uma montagem dos poderosos para deslegitimar o acionar dos "encapuzados".
A repressao na Villa Francia foi tal brutal que no "dia sábado 29, realizaram-se invasoes sem ordem judicial, brutais espancamentos a pessoas, lançamento de bombas de gás lacrimogênio às casas, detençoes massivas, etc. Isso foi até altas horas da madrugada, várias horas depois de acabada a manifestaçao". (declaraçao de organizaçoes subversivas e revolucionárias da Villa Francia)
Também na Villa Francia, foram seqüestrados cinco vascos e um francês, pertencentes a um grupo musical, acusados de violar a lei de estrangeria, que proíbe qualquer "estrangeiro", participar de atividades políticas no estado do $hile. Xs garotx, foram expulsxs do país, por representar "um perigo". O único que fizeram foi assistir a um ato artístico na populaçao. A solidariedade de classe, e o internacionalismo, sao sempre castigados pelos estados.
Um especial amanhecer tiveram neste 30 de março, xs que quiseram assistir à missa dominical na catedral castrense (igreja de milicos) na luxuosa comuna de providência. Cerca das 8 da manha, após um chamado de alerta de bomba, foi desativado pelo GOPE um artefato explosivo com sistema de relojaria. Esta catedral já tinha sido objetivo de um atentado incendiário por parte de grupos insurretos.
Da mesma forma no sul do $hile, na comuna de Ercilla, zona do conflito mapuche, jovens realizaram um atentado incendiário, a um caminhao que transladava salmoes. Reivindicou-se terra e liberdade ao povo-naçao mapuche.
Vale lembrar que no 30 de março de 1991, foi ajustiçado um representante da ditadura militar, Jaime Guzmán, ideólogo e ídolo dos fascistas $hilenos, os que ainda choram sua morte no cemitério. Para nós deveriam se extender os combates do 29 a uma festa no 30, para festejar esse fato.
Mas o ódio dos poderosos em nossa contra este 29 se jogou como jauría assassina na comuna de Pudahuel. A marcha organizada pelos coletivos do setor, foi custodiada durante todo o trajeto pelas forças policiais e reprimida brutalmente, muitxs jovens foram detentxs espancadxs e humilhadxs pela polícia nazista. Produto das porradas e da falta de atençao médica; situaçao similar ao ocorrido na Villa Francia; logo de sair da estaçao de polícia, "Johnny Cariqueo Yáñez morreu de um infarto o 31 de março, tras um brutal espancamento feito pelas forças especiais da estaçao de polícia 26 de Pudahuel, minutos depois que fosse inaugurada nessa comuna a praça '29 de março', dedicada axs lutadorxs sociais caídos em ditadura e democracía." (Declaraçao pública das organizaçoes de Pudahuel)
Johnny era um jovem identificado com as idñeias libertárias, membro do coletivo 'Puño en Alto', e solidário com as lutas do povo mapuche. Seu funeral, foi "custodeado" pelas forças repressivas, as mesmas que o assassinaram. Do outro lado nós " nao esqueceremos nem perdoaremos o assassinato de johnny cariqueo".
PELA EXTENSAO DA REVOLTA
"Quem se senta pra esperar que alguma coise mude, e fica chorando seus mortos e vê na juventude o único momento para lutar, está condenado a ser cúmplice da morte de nossos companheiros e da manutençao deste macabro sistema...".
Sao estas datas, lamentávelmente, onde alguns grupos tentam de atribuir-se a convocatória às mobilizaçoes, com a velha concepçao de partidos de vanguarda. Estas datas nao pertencem a nenhum grupo ou sigla de organizaçao ou movimento em particular, é de todxs xs que lutamos. A memória de todos os assassinatos do Estado se articula no enfrentamento com xs rixcxs e sua polícia, nunca por uma sigla, e muito menos por algum partido, sao a expressao concreta da luta de classes.
Nosso papel ativo nesta guerra tem que transformar-se em manter o conflito constante, nao só nestas datas, mas também diz respeito a fazer dela irrecuperável por parte do reformismo e do estado. Nao lhes permitiremos isso nunca. Jamais vamos camknhar junto a eles, estamos em diferentes lados da barricada, o que a atravessa é nosso inimigo de classe, isso nao tem volta, jornalistas, policiais, ministros, prefeitos, empresários, dedos-duro e reformistas.
centxs de jovens lindissimxs, caídxs em combate, tanto em democracia como em ditadura, alimentam o enfrentamento com nossos carrascos, por isso é nosso dever projetar a revolucçao social como objetivo de todo enfrentamento sem deixar espaço algum para burgueses de esquerda ou reformistas.
centxs de jovens lindissimxs, caídxs em combate, tanto em democracia como em ditadura, alimentam o enfrentamento com nossos carrascos, por isso é nosso dever projetar a revolucçao social como objetivo de todo enfrentamento sem deixar espaço algum para burgueses de esquerda ou reformistas.
Somos da geraçao que temos palpado concretamente, como um dia de comemoraçao, pelo assassinato de jovens rebeldes, ocorrido faz 23 anos, que se transformou, num dia de luta contra o capitalismo e tudo o que o sustenta.
Todos xs jovens anticapitalistas que se tornam irmaos no enfrentamento contra a ordem imposto sao sementes de subversao e nossos irmaos de classe. Desde aqui uma saudaçao a todxs xs que em todxs xs povos, estamos claramente e pra sempre deste lado da luta de classes, a impulsar a guerra social...
Por todxs xs que estamos pela destruiçao do capital e a construçao de uma humanidade radicalmente distinta
Juventude Kombatente.
Santiasko. $hile. Março 2008