terça-feira, 31 de agosto de 2010

Crônicas de uma Repressao anunciada...


No recente Sábado 14 de Agosto, ocorreu aquilo que anunciava sua chegada faz bastante tempo, a prensa o estava anunciando, a caça de bruxas tomava forma demoníaca e espreitava várixs companheirxs. Perto das seis horas da manha desenvolveu-se a segunda invasao e vasculhamento de nossa casa (o primeiro foi no 11 de setembro, nas vésperas das eleiçoes presidenciais), no denominado "Caso Bombas", o que foi realizado pela Equipe de Reaçao Tática (ERTA) da polícia de investigaçoes (PDI) da mesma forma que na ocasiao anterior. Nossa decisao foi nao recebê-los da forma que mereciam devido a que nesse minuto estava presente o menor dos membros de nosso bando, que conta somente com um ano de idade e nao queriamos arriscá-lx aínda mais à humilhaçao que sofremos no passado 11 de dezembro. Logo que realizaram a invasao e vasculhamento fomos transferidxs as instalaçoes da Brigada de Investigaçoes Policiais Especiais (BIPE) da PDI onde fomos informadxs que alguns/umas membrxs atuais do coletivo que fazia parte da casa (e outrxs 11 companheirxs), contavam com mandatos de detençao por delitos de associaçao ilícita terrorista e pela colocaçao e manipulaçao e artefatos explosivos. Algumas horas depois xs que nao tínhamos mandato de detençao nos dirigimos a nossa casa para nos certificar das condiçoes em que a deixaram e para revisar entre nossos pertences aquilo que tinha sido roubado pela polícia. A surpresa foi enorme quando encontramos a efetivos da PDI bloqueando o acesso à casa, segundo elxs porque havia uma ordem em tramitaçao (uma ordem que somente pronosticava uma noite negra). Graças a que se encontrava nesse mnuto um advogado com a gente, pudemos entrar para tentar pegar algumas coisas pessoais e um pouco de roupa pra nao ficar sem nada. O tempo dentro da casa foi muito triste, rasgaram muitos cartazes, riscaram um mural que tínhamos no interior e roubaram todo o dinheiro que tínhamos guardado. O tempo no interior da casa foi pouco en vista de que estava perto o horário da formalizaçao das acusaçoes dxs 14 companheirxs detidxs durante esse dia, por isso resgatamos o justo e necessário para passar um dia na rua. Quando chegamos no salao do tribunal correspondente, avistamos a grande quantidade de pessoas que chegaram para dar uma força, apoio e ânimo aos/as companheirxs. Devido a que a mídia estava ocupando quase todo o espaço, só foi possível que entrasse uma pessoa por cada detentx. Do lado de fora nao era possível ouvir o que o Fiscal Peña dizía, apenas dava para ver por trás da silueta dos policiais os nossxs compas. Ainda bem que elxs também puderam nos ver, nao só a nós, mas a todxs aquelxs compas que foram ao tribunal para solidarizar. Que grato foi sentir a força do furacao que se desvenda a revolta de nossos coraçoes. Quando se soube que a formalizaçao estava suspensa até a terça feira a reaçao foi imediata: cospidas, empurroes, porradas nos policiais que nos separavam de nossxs irmaos/as, partes do palácio de justiça burguesa sendo despedaçadas como forma de desabafo da toda a ira que estava acumulada em nossas mentes contra os carrascos de outrora e que hoje sao os que fecham as gaiolas de nossxs companheirxs dia a dia. Depois de burlar o cerco de policiais que fechavam o lugar batendo em qualquer pessoa que passasse pela frente fomos novamente a nossa casa. Quando chegamos vimos ainda presença policial que resguardava que ninguém entrasse enquanto duas pessoas fechavam cada um dos acessos à casa, a ordem verbal que les tinham era que ninguém entrasse porque tinha sido desalojada, diante do qual discutimos que era uma coisa que nao podia ser feita por nao haver uma ordem física que o determinasse e porque segundo um sujeito da PDI essa ordem vinha do Fiscal Peña, que nada tem a ver com o julgamento civil que tinhamos pela casa, sao causas diferentes e o fiscal tinha se entrometido nela arbitrariamente. Graças ao apoio dado por companheirxs solidárixs pudemos resgatar pela força parte da Biblioteca, nossa querida biblioteca que desejavam deixar no interior da casa sem que ninguém pudesse ter acesso a ela. Também desejavan enterrar nossos pertences, e lamentávelmente até o día de hoje nao foi possível recuperar tudo o que tinhamos no interior da casa. Nao é uma surpresa para nós o fato de que nos tirassem nosso lar. Sabemos que o poder quer aniquilar a qualquer que lute contra toda autoridade. Que a onda repressiva nao alcança somente aos que neste minuto estao dentro das gaiolas, mas que a qualquer que se atreva a desafiá-lxs e axs que queiram solidarizar. Como ocorrei no ano 2006, onde a partir da investigaçao pela molotov lançada na moeda, se empadronaron muitas casas okupadas, algumas foram desalojadas, a nossa começou um julgamento civil que depois de diferentes apelaçoes nao havia sentença. Agora mais que nunca fazemos um chamado à solidariedade, chamamos a gritar e propagar a situaçao de nossxs companheirxs encarceradxs e aquelxs que ainda sao perseguidxs pelo poder. Chamamos a multiplicar os espaços que promovam na vida cotidiana a rejeiçao a autoridade e acima de tudo, chamamos a todxs a criar laços solidários para nos apoiar entre companheirxs, que a Solidariedade nao seja uma consigna vazía, mas uma ferramenta mais para destruir todo vestígio de autoridade. Neste momento lamentamos a todxs que o Centro Social Okupado e Biblioteca Sacco y Vanzetti foi fechado, negando-nos a possibilidade de continuar com nossas atividades cotidianas e programadas neste espaço que por mais de oito anos foi uma grande contribuiçao à luta e uma arma efetiva de propagaçao de idéias contrárias à autoridade. O espaço físico nao está mais, mas os laços que nos unem como companheirxs nao se rompem nem se quebram, com a cabeça erguida e a mortal intacta continuaremos na luta. POR TODXS NOSSXS COMPANHEIRXS GRITAMOS E LHES DEDICAMOS: 8 ANOS DE OKUPAÇAO... MAS TODA UMA VIDA DE COMBATE!!! CSO e Biblioteca Sacco e Vanzetti. favor divulgar!!! http://okupasaccoyvanzetti.blogspot.com