terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sem lugar para a Infâmia

Segunda Feira 29 de Março de 2010


Sem lugar para a infâmia (*)

Este texto, suas idéias e conteúdos e do que delas emana em caso algum pretende se erigir como resposta ao discursinho de um diminuto sujeito fez circular pela internet. Jamais nos interessará estabelecer o diálogo, nem gastar energía, quando se ultrapassaram critérios básicos de comunicaçao.

Isto nao é uma resposta. É melhor do que isso, um chamado, dirigido a todxs xs companheirxs de idéias/açao, um chamado a ascender a linha de fogo que se colocou injuriosamente. Por outro lado, acreditamos, sentimos e assim nos ensinou a vida, que existem certos assuntos que nao se resolvem em conferências virtuais que apenas visam satisfazer a ânsia de popularidade dxs que nao fazem diferença em nenhum outro lugar.

Por isso nao responderemos a entediante peroraçao que buscando agilidade foi esboçada como argumento. Nossa ânsia e de acordo com nossa projeçao de luta, é nos comunicar com nossxs companheirxs, que conhecemos ou nao, que estao perto ou longe, em definitiva com todxs aqueles com xs que nos une a identificaçao do inimigo: a autoridade.

Para xs que rejeitam, negam e transbordam a autoridade, de diferentes e variadas maneiras, para elxs vao nossas palavras, para ninguém mais.

Recebemos um golpe que nao procura gerar um intercâmbiode idéias e que ainda vistindo e se fantasiando com roupagem de "debate político" que somente esconde como objetivo o insulto, a infâmia, a degradaçao e a ofensa.

O que nos foi vumitado nao foi início de nenhuma discussao, porque nao há discussao possível diante do que está afirmado. As discussoes ou os debates podem se dar em funçao de opinioes, idéias, posiçoes de luta, mas o que recebemos foi uma ofensa que preteneu anular o que se vive desdeo 22 de maio.

Minimizaram-se e ridicularizaram-se as doras que da morte de Mauri surgem, de forma tosca e com atitudes próprias do inimigo. A mídia fez uma festa desde o início com Mauri e as relaçoes que mantinha com diferentes companheirxs, passou a mao abusivamente em suas idéias e esvaziou o conteúdo de cada aspecto de sua vida, vociferando um roteiro que até o dia de hoje pretende levantar sentenças judiciais para xs que foram seus/suas companheirxs mais próximxs.

A mídia inventa e é sua atividade. Em nada nos surpreende, pois faz parte de nosso inimigo, mas nem ela em sua funçao de carcereira da moral do capital, têm manifestado algum suposto interesse de nossa parte para obter algum tipo de vantagem a partir da morte de um companheiro, um irmao, movidos pelo oportunismo.

Qual seria o oportunismo? Qual sería a vantagem que se pode obter ao defender um companheiro que morreu numa açao ilegal? O oportunismo é o silêncio, dar um passo pro lado, a falta de açao. O oportunismo é chorar sua morte enquanto se alteram suas idéias para tentar acomodá-lo a um discurso particular que em vida jamais teve.

Desde o início nosso esforço visou deixar claro quais eram as posiçoes do Mauri, ainda quando nao estavam completamente de acordo com as nossas. E isso o fizemos ppr um compromisso moral com aquele que crescemos, compartilhamos e forjamos afetos que geraram frutos.

Ao saber de suas posiçoes nosso dever é que ninguém o disfarce ou maquie. Nao somos seus donos e ao colocar suas idéias no coletivo estamos buscando a expansao e multiplicaçao da memória, dessa forma essa açao é entendida por seus companheiros, xs que tem contribuído ao mesmo objetivo com diferentes gestos e labores.

Após a defesa contundente que se fez a partir de um espaço público, as conseqüências foram claras: assédio da imprensa, a hostilizaçao poicial de forma constante, a suposta ligaçao a açoes ilegais, o vasculhamento por parte do grupo de assalto do PDI, as rajadas de balas sobre a casa e uma causa judicial aínda aberta.

Sentenciar-nos como oportunistas equivale a nsinuar estúpidamente que a companheira Luisa Toledo, mae dos irmaos Vergara, tem movido a sua memória em funçao do oportunismo e que após cada chamado à memória, busca obter para si algum benefício.

O anterior somente vive na cabeça de politiqueiros de pouco valor que vagam pelo ambiente libertário, que em cada gesto buscam a captaçao de novos militantes para suas ficticias organizaçoes das que de fato, ninguém teme, pois existem, apenas comouma sigla que fala asneiras pela internet.

Fazer alusao a uma suposta "briga do cadàver aínda morno de Mauri", além de ser algo mito violento verbalmente, remove as piores lembranças que qualquer pessoa pudesse chegar a ter: as de um irmao morto e nú diante dos olhos dos policiais, da mídia e de espectadores/as nojentxs. Chegar a escrever algo do tipo, é uma falta de respeito e demonstra a qualidade moral de quem cospe.

Mas em termos frios é verdade. Estamos brigando pel cadáver de Mauri, sim, estamos brigando por ele, brigamos por ele com a mídia, quem tentou bisbilhotá-lo, aos que tentaram assediar sua família, aos que quisera mentir sobre sua vida de combate e xs que colocaram em dúvida as circunstâncias de sua morte.

Sim, brigamos por seu corpo e felizmente o teríamos protegido do que acontece aquela noite, com ele, com suas/seus companheirxs, com sua família, mas somente um ibecíl equipara esse acontecimento tao doloroso com um desejo de aparecer. Ninguém quer conscientemente se expôr tanto como tivemos de fazê-lo.

O texto alusivo busca a desmemoria, a falta de açao e esse chamado nos resulta por sua vez grosseiro, patético, pois equipara a defesa de companheiros com a apropiaçao de sua vida insurreta. Pretend restringir a lembrança e anular a memória e a defesa pública de nossxs irmaos/as.

Diante do anterior nosso objetivo é precisamente o que definitivamente tem ocorrido tanto com os irmaos Vergara como com Mauri: a difusao da lembrança, tornando-o arte reproduzível e contagiosa, que a ninguém pertence como propieade exclusiva.

O único que podemos resgatar dentro de tudo o que foi vomitado, é o fato que expoe e deixa claro de uma só vez, o nojo que às posiçoes reformistas gera o passo a ofensiva e tudo o que em conseqüência pode ocorrer (morte, cárcere, fuga e repressao).

E disto fica evidente que no fundo do que nos separa, além das táticas e estratégias, radica a aceitaçao ou nao de todas as formas de lutas contra o poder. O assunto é simples e complexo por sua vez, ou se aceita que todas sao válidas, ou se pretende impôr que todxs devemos simplesmente aceitar que alguém externo nos diga como, quando e com que combater a autoridade.

Que nosso caminho como Centro Social Okupado seja um, biem claro e definido com o passar dos anos, nao significa que nao reconheçamos nas açoes ilegais uma contribuiçao sincera e válida que gera nosso companheirismo e nossa defesa. Assim se manifesta que o fato de reconhecer que para transbordar o capital e à autoridade existem diferentes caminhos e que nenhum pesa mais do que o outro.

Considerando a projeçao comum que o autor anônimo do texto mantêm com organizaçoes como cal e estratégia libertária, fica presente o pedido para que estes grupos deixem claras suas posiçoes a respeito ao que foi colocado pelo que os sauda tao afeituosamente. Obviamente o silêncio será compreendido como uma forma mais de se manifestar.

Reafirmamos que é uma necessidade reagir e nos pronunciar diante da infâmia, embora tenha sido evidente desde um primeiro momento o que o texto provocaria em nós, nao quisemos nos calar e fazer o silencioso jogo da vida normal. Quando o sangue ferve nas veias, é um assunto de honra dar curso à açao.

Saudamos a todxs xs que honestamente defendem a memória insurreta, defendendo aos/as companheirxs caídxs em combate ao longo do mundo (incluíndo ao companheiro Lambros Fountas na Grécia), também a todos os espaços okupados que voltaram a ser objetivo da repressao (verde ou vermelha, da na mesma).

A combater o esquecimento, a acender o caminho a liberdade.
Companheiro Maurício Morales em pé de guerra.


Centro Social Okupado e biblioteca Sacco e Vanzetti. Março 2010. $hile.