Em uma entrevista coletiva da qual participaram familiares, o Padre Alfonso Baeza e entidades de direitos
humanos, se exigiu a liberdade imediata dos jovens presos no “caso bomba”
DECLARAÇÃO PÚBLICA
No dia 14 de Agosto de 2010 um grande contingente de funcionários da “Policía de Investigación y de Carabineros” do Chile e suas distintas brigadas invadiram 17 casas nas cidades de Santiago e Valparaíso. Nestas invasões, foram detidas 14 pessoas que continuam até hoje na cadeia ou em liberdade condicional. Nove deles, presxs preventivamente, estão em seu 24 dia de greve de fome, em protesto contra os erros dos processos que xs mantém na cadeia.
Esta situação anda lado a lado com a decisão do fiscal Alejandro Peña de provocar uma crise na cidadania, afirmando que esses jovens detidos e as famílias que sofreram as invasões são “terroristas”, baseados e amparados na lei Antiterrorista, originária da ditadura, implementada e aperfeiçoada pelos governos posteriores. Já passaram mais de 6 meses desde estas prisões e ainda não existe sequer uma prova que demonstre que os detidos tenham colocado artefatos explosivos, a acusação principal do Fiscal Peña.
Nas invasões houve extrema violência: as portas das casas foram quebradas, os policiais estavam armados, filmando tudo com câmeras de vídeo e assim desrespeitando a intimidade daquelas famílias, além de ameaçar as pessoas que ali se encontravam, sem se importar com a presença de crianças e de mulheres grávidas.
Houve também ameaças que nos fazem lembrar do passado recente da ditadura militar, como por exemplo: “melhor você ficar tranquilo, se não já sabe o que vai te acontecer...” Foram invadidos inclusive o quarto das crianças, sendo suas coisas revistadas, seu brinquedos e fotos roubados, em uma operação que deixou entre 4 e 7 agentes por horas nas casas desas crianças.
É importante mencionar que as casas dos familiares mais diretos também foram parte da procedimento desse dia. Vários objetos de valor foram levados pela polícia, como computadores, maquinas fotográficas, impressoras, scanners, bicicletas e roupa, sem que até agora tenham sido devolvidos. As portas derrubadas e os danos causados nos móveis não foram reparados pelos responsáveis.
Desde este mesmo 14 de Agosto, familiares, amigos e amigas das pessoas que sofreram a invasão são vítimas de perseguição policial, grampos em seus telefones e em seus e-mails, e seus celulares são inclusive carregados misteriosamente para que continuem estabelecendo contato com seu mundo relacional.
Constantemente, por meio da mídia oficialista, saem artigos aonde se diz que serão detidas mais pessoas, e as redes mais próximas começam a se perguntar “Serei eu dessa vez, quem terá que viver na prisão?” Não se sabe de onde vieram esses rumores, mas sabemos, com certeza, o que há por trás deles: tentar paralisar, imobilizar e isolar estes grupos e pessoas.
O governo se posicionou de um lado, deixando totalmente impune a atuação da polícia e dos fiscais. no caso do Fiscal Peña, o promoveram a um grau de poder omnímodo, podendo agora decidir sobre a liberdade ou a prisão de pessoas que só por haverem protestado em causas sociais de caráter estudantil, mapuche ou de moradia, são castigadas com o poder do sistema.
O pior é que não importa se a pessoa é culpada ou não, porque a mensagem é mostrar à sociedade eficiência e eficácia no combate ao que consideram “ações terroristas”. Esse discurso a gente conhece bem.
É por isso que os familiares dos presos no dia 14 de Agosto, juntamente com as pessoas cujas casas foram invadidas esse mesmo dia e também com organismos de direitos humanos, fazemos um chamado ao Poder Judiciário para que estes fatos sejam investigados, já que constituem uso abusivo de força, de maneira reiterada, aplicada contra um grupo específico da população. Exigimos também que o julgamento que se realizará contra esses jovens seja feito com respeito irrestrito aos seus direitos e ao processo, sendo inadmissível que, em um estado de direito, exista sobre eles este nível de hostilidade, perseguição, amedrontamento e discriminação.
Santiago, segunda-feira 14 de março de 2011.-
Organizações:
Colectiva Babel, Ñuñoa
Centro de Salud Mental y Derechos Humanos, CINTRAS
Comisión Ética Contra La Tortura, CECT
Corporación de Defensa del Pueblo, CODEPU
Grupo Psicología por Ñuñoa
Familiares del 14
Observatorio Ciudadano
Pessoas:
Paulina Acevedo Menanteau. Jornalista, comunicadora em Direitos Humanos
Claudia Paz Bravo. Socióloga
Rosa Bravo.
Francisco Carreras Vicuña. Sociólogo
Roxana Castillo Castillo. Assistente Social
Cecilia Domínguez Garretón. Psicóloga, Professora de Filosofia.
Constanza Domínguez Garretón.
Mía Zorka Dragnic García. Socióloga
Claudia Drago Camus. Professora
Sebastián Drago Camus. Sociólogo
Claudio Escobar Cáceres. Engenheiro Civil y Professor Estado em Matemáticas.
Olga Espinoza Aros. Professora
Bárbara Faúndes Sobarzo. Professora Educação Geral Básica
Paulina Fernández Moreno. Psicóloga
Andrés Figueroa Cornejo. Jornalista
Verónica Garín Garín. Jornalista
Beatriz González Fulle. Professora de Filosofia
Adriana Goñi Godoy. Licenciada em Antropologia UCH
Milan Grusic Ibáñez. Opinante e cidadão
Jorge Morales Farías. Crítico de cinema
Gastón Muñoz Briones, Carnê 5.117.483-6
Solange Ordax Wiener. Desenhadora
Arnoldo Pérez Guerra. Historiador e jornalista.
Richard Pincheira Aedo. Consultor Agrícola
Osvaldo Rodríguez Zúñiga, Realizador
Irene Rojas Morales. Professora, Ex membro del movimento Contra la Tortura Sebastián
Acevedo.
Paz Rojas. Doctora, CODEPU
Carolina Sandoval Gómez. Tradutora
Teresa Silva Aranguiz. Secretaria Executiva, Ex membro del Movimento Contra La
Tortura Sebastián Acevedo
Beatriz Silva Pinochet. Socióloga
Alejandro Solar Domínguez
Constanza Solar Domínguez
José Solar Domínguez
Francisco Solar Rosende
Carmen Soria González-Vera. Fotógrafa y locutora
Viviana Uribe. Presidenta de CODEPU
Marcelo Urra. Psicólogo
José Venturelli. Pediatra, Vocero del Secretariado Europeu da Comissão Ética contra la
Tortura, CECT-SE
Rodrigo Yaconi V.
C Veloso
Estrangeirxs:
Raquel Padilla Ramos. Centro INAH, México
Joelle Tomasini. Profesora, Córcega, Italia
Pavel Pavelic Jofre. Fotógrafo y membro do Sindicato ARI, Bélgica.
COMABE-Solidarixs, Bélgica