quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Diante da nova campanha jornalística policial e o inminente golpe repressivo


Quando se farejava a repressao...

Sexta-feira 18 de junho de 2010

A obra denominada “caso bombas”, entrou nesta semana num novo ato. Um de seus papéis principais, o do fiscal com dedicaçao exclusiva, tem sofrido uma mudança de atores: saiu Xavier Armendáriz, e chegou Alejandro Peña. Esta mudança encontra sua origem nas pressoes vociferadas pelo executivo, diante dos nulos resultados obtidos numa investigaçao que leva já 4 anos.

A mudança de fiscais gerou instantâneamente um tumulto jornalístico, inundando páginas de jornais com supostas filtraçoes policiais, abordando o número de suspeitos, casas onde podem ser encontrados, tendencias musicais que adotam e um semnumero de reconhecíveis características. Após a leitura da mídia, pudemos reconhecer claramente as pessoas que seriam detidas em questa de horas, em funçao do meticulosas que eram as descriçoes, numa clara aberraçao de inteligência policial.

As insinuaçoes jornalísticas que pretendem nos fazer engolir sao a motivaçao destas linhas, é preciso refletir sobre o que está vindo, a iminente razzia repressiva, em maos agora de um novo ator. Nosso interesse nao é gerar um clima de histeria e fuga, mas fazer um chamado de alerta, para evitar dessa forma surpresa da pancada.

O papel da mídia é claro e grosseiro por sua vez, estao gerando um cenário propício para nossa prisao. Faz meses construíram o perfil do sujeito a neutralizar, mas hoje já vao entregando particularidades de pessoas e espaços concretos, normalizando com isto a jogada político-policial que se aproxima.

Este escrito procura refletir sobre a mudança no contexto repressivo e esmiuçar suas embigüedades a fim de estar preparados para os próximos acontescimentos. Diante da mudança de fiscal resulta evidente o que vai ocorrer: Detençoes, casas vasculhadas, julgamentos, declaraçoes pomposas das autoridades e companheirxs em prisao.

Alejandro Peña, amante dos coletes a prova de balas, mas câmeras e os capacetes de guerra na hora de participar dos operativos, descrito por seus própios chefes um "fanático de chutar portas” preparará sem lugar a dúvidas um operativo dantesco, digno de um bom filme de ficçao, boa em efeitos, mas péssima e entediante na construçao do roteiro. Já todos sabem o final, pois eles mesmos o filtraram até a saturaçao.

A mídia fala agora de "Líderes anarquistas" para deter, buscando às pressas a tao ansiada construçao do agravante de uma associaçao ilícita. Diante disto seremos categóricos uma vez mais: como Antiautoritarixs desprezamos a autoridade em todas suas formas, seja ela verde, azul, vermelha ou preta.

Nossas formas organizativas sao autônomas e horizontais, negando na prática e a teoría o surgimento de líderes ou dirigentes. Ninguém dirige nem guia nossos passos, nossos acertos e desacertos. É absoluta inviável uma associaçao ilícita antiautoritária, este delírio investigativo somente evidencia a desesperaçao e o desejo de sepultar com anos de prisao a qualquer um que apresente objeçoes com o mundo que edificaram na medida dxs poderosxs.

Mas definitivamente todo este barulho jornalístico com teses mais ou menos exaltadas, revela as reais motivaçoes deste julgamento e sua longa investigaçoes. Este nao é um julgamento penal ou criminal, é grosseiramente um julgamento político, a nossas posiçoes de vida, a nossos valores.

Se hoje o poder nos espanca com o arsenal legal e repressivo típico da democracía, nao se deve a nossa participaçao material em algum fato empreendido no meio da noite, com a cumplicidade das sombras.Se hoje nos atacam é porque reconhecem em nós e muitxs companheirxs mais, posiçoes de negaçao aos valores fundamentais do mundo capitalista: a autoridade e o Estado.

O crime que podem provar e do qual nos fazemos responsáveis é o de desprezar a autoridade e desta acusaçao nos consideramos orgulhosamente culpadxs e reincidentes até nosso último suspiro. A nefasta maquinária jurídico-jornalística aspira e deseja nossa derrota, aspira a que nos tornemos derrepente em arrependidos e submissxs com a ideología do capital. Apesar disso seguiermos desprezando as lógicas do poder alí onde estas se encontrem, develando a mecânica da autoridade por meio da difusao das idéias antiauoritarias e a solidariedade como prática cotidiana.

Nossos esforços visam levantar um espaço que leva já 8 anos, com atividades calendarizadas e amplamente difundidas. Nossas posiçoes diante da vida tem sido difundidas por diversos canais, nao é um segredo nem para nossxs companheirxs, nem para nossxs vizinhxs, muito menos para os que nos perseguem há anos, os que nos escutam, fisgam, fotografam ou filmam.

Se sabem o que pensamos, defendemos ou rejeitamos nao é pela perícia de sua investigaçao, nem pelos fundos que mendigan ao executivo, sabem disso porque o dissemos em centenas de oportunidades, somos clarxs no que aspiramos e desejamos viver: a liberdade plena.

Para saber o que dizemos e pensamos basta ler nossos escritos ou vir a nossas atividades como tantas vezes o fizeram agentes de civil, essa é a debilidade e a força de um espaço aberto.

Faz 7 meses nossa casa foi invadida e vasculhada, faz 7 meses que temos que nos apresentar na fiscalia por termos resistidoa humilhaçao por parte de um grupo de assalto, faz muito mais de dois anos que os controles de identidade se fizeram habituais, chegando inclusive a 10 numa mesma semana….entao, Quais sao os argumentos para nos acusar? Onde encontra apoio a afirmaçao jornalística sobre nosso suposto agir clandestino ou oculto?, É crível agora, nestas alturas e após tanto controle, perseguiçoes, interceptaçao e invasao, que já disoem as provas que nos ligariam a algum atentado?

Fazemos um chamado à análise coerente, que apague de uma só vez toda a imbecilidade. Nao somos um alvo em funçoes de provas mais ou menos críveis, nos apontam, perseguem, hostilizam, invadem em funçao do que pensamos, dxs companheirxs que defendemos, das causas com as quais solidarizamos e do silêncio que nao aceitamos ter diante da partida de nosso irmao Maurício Morales.

Aqui está revelada e clara a origem de nossa investigaçao por conduta terrorista. Assistimos um filme com um roteiro abusado, onde a polícia de maos dadas com o novo fiscal, mostram com claridade seus próximos passos diante da indiferença de copa do mundo, as detençoes muito provávelmente serao gravadas por algum programa de docu-Reallity policial. O absurdo e o sensacionalismo selarao assim a jogada repressiva.

Diante da impossibilidade , da inviabilidade de encontrar autores materiais, enchem listas comm sujeitxs independentes de sua participaçao real em alguma açao. A inoperância e a necessidade dedetençoes vai ditando os passos repressivos do atual contexto, somos por isso um alvo perfeito, isso é evidente para nós, a construçao dxs personagens já tem nome e sobrenome. As caras visíveis receberao a onda de repressao que busca deter o avanço das posiçoes de ofensiva.

Por mais dantesca que seja a jogada repressiva, por muito extensa e profundo que seja a pancada, nao podemos permitir que se detenha o avanço da guerra social. A força de nossas convicçoes deve alimentar a coherência de nossa projeçoes e o cenário cheio de espinhos pelo que devemos atravessar, assim aprendemos e geraçoes que nos antecedem, assim devemos enfrentar a adversidade.

Se deixarmos de propagr aquilo que faz latir nosso coraçao e alimenta nossa vida, como é a negaçao de toda autoridade... todo passo dado no caminho que temos empreendido, carecerá e valor, sentido e coherência. Nos traíriamos a nós mesmos, a nossxs mortxs e a todxs xs que mantêm viva a revolta.

Enquanto preparam o terreno e afiam as facas para a caça, vamos gerar os laços solidários que invalidem a estratégia repressiva.


Centro Social Okupado e Biblioteca Sacco e Vanzetti.
Junho 2010. $antiago $hile