quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Do Chile fazemos um comunicado para a Solidariedade Internacional


Fazemos um chamado as pessoas solidárias espalhadas pelo mundo a se informar da situação ocorrida no $hile no dia 14 de agosto, onde começou um processo de aprisionamento e assédio judicial aos grupos anarquistas, libertários e antiautoritários. Que se multipliquem as ações!


Somos xs que cresceram na democracia e entendemos que um sistema tirano como o de Pinochet se acaba pela força, a saída pactada da ditadura só nos evidenciou que esse sistema democrático atual não é mais que sua extensão planejada. Somos quem crescemos vendo como se aprisionava e assasinava xs que seguiam lutando e denunciando as injusticas sociais, somos quem protestamos exigindo a liberdade destxs, somos quem tem visto o coma em que entraram xs que antes se diziam rebeldes e hoje caminham submissos, acreditando na paz social, somos quem tem visto como o progresso vem arrasando nossos bosques, os rios, os mares e o ar, somos quem tem presenciado as maquiavélicas alianças desses governos democráticos, com as maiores e tirânicas pentencias mundiais, temos presenciado os TLC, a APEC em Santiasco em 2004, somos quem fizemos estourar a revolta nas ruas por esses dias, somos quem tem olhado as guerras televisionadas do meio oriente, temos visto como se continua reprimindo o povo Mapuche no sul, como as populações das periferias antes combativas, hoje estão repletas de drogas que aniquila as crianças, temos visto como o individamento consome a vida de nossos pais, como nossos sonhos parecem impossíveis limitados pelo dinhero, temos presenciado como enchem de câmeras e polícias as ruas e somos quem saímos na rua a cada dia 11 de setembro e cada 29 de março e toda vez que podemos demonstrar nosso ódio a essa sociedade fracassada, somos essa molotov que impactou La Moneda em 2006 e todas as que alcançam a polícia, somos cada uma dessas bombas que estouraram para desestabilizar esse sistema e temos visto em nossos corpos como a lei é cada vez mas dura e coercitiva, como o capitalismo avança e arrasa vidas e nosso entorno. Somos uma nova geração de rebeldes, novas também são nossas formas, diferentes as do que nos antecederam. Somos todxs e cada um/a de nossxs companheirxs que durante esses últimos 20 anos de democracia, foram mortos pelo ataque, somos Claudia, Jony, Matias, Rodrigo, Alex, Daniel, Mauri!


Hoje fazemos um chamado de agitação, esse é o cenário violento que a democracia pretende fantasiar o bem estar social, homens e mulheres, meninos e meninas, começaram a crescer insubmissamente durante esses anos houve um crescimento qualitativo importante entre quem tem abraçado ideias antiautoritárias e libertárias, tem se multiplicado os centros sociais, as casas ocupadas, os projetos autônomos de auto sustentação, as editoras, as bibliotecas, a propaganda, nossas mentes tem crescido e nossos corações tem estado repletos de solidariedade, apoio mútuo, companherismo, temos aprendido a nos relacionar longe das formas autoritárias que nos impõe, temos construídos nossos espaços com suor e amor, temos levado a cabo aprendizagens de diferentes áreas que rompem com a lógica da especialização do trabalho, temos construído hortas, temos criado laços de afinidade em diferentes cidades onde também se multipicam as iniciativas libertárias e anarquistas, temos aprendido a nos alimenar longe o mas possível das grandes indústrias da morte, estamos aprendendo a criar a nossos filhxs com toda criatividade e liberdade que podemos dar. Nos propomos recuperar, cada uma de nossas práticas de liberdade é um ataque. Nada é gratuito, a forma em que decidimos viver a vida é uma ameaça, temos também assumido custos, temos sido perseguidos, nossos telefones rastreados, nossas casas vigiadas, apesar de tudo isso, mas de 100 bombas alteram a tranquilidade da ordem na qual demonstramos nossos despreso, bancos, instituições do governo, igrejas, centros comerciais, delegacias, embaixadas tem sido alvos dos ataques que pretendem evidenciar sua fragilidade e a possibilidade de acabar com eles, explosões que buscam despertar as mentes e abrir os caminhos rumo a um mundo novo, porque esse nos dá nojo.

Explosões violentas porque essa ordem nos violenta diariamente. Hoje enfrentamos uma matilha de políciais, “justiça” e a mídia, com o qual o estado pretende nos aniquilar, criaram uma grande montagem onde pretendem armar uma associação ilícita terrorista, baseada em nossas relações pessoais de amizade, de companherismo, uma grande estrutura vertical onde existem líderes, executantes e ajudantes. No coração de qualquer libertário ou anarquista está a certeza dessa mentira.

Atualmente temos companherxs presxs, entre ex lautaristas e anarquistas pelo “caso bombas”, outros mais com processos abertos, outros foragidos, um de nossos companheiros morto, nossas casas tem sido invadidas e agora nossas famílias tem que enfrentar o tratamento vexatório da cadeia, além disso sabemos que as invasões e as prisões continuarão. Buscam nos neutralizar, buscam nos eliminar.


Fazemos uma chamada a todas as individualidades dentro e fora desse território, a solidariedade internacional, a se informar, a atuar, a difundir que nesse lugar desse mundo busca se aniquilar nossas ideias, a calar nossa voz, necessitamos forças e apoio de todas e todos quem assumem o conflito permanente com o estado e capital, necessitamos agora mais do que nunca demonstrar que não estamos sozinhxs, que somos milhares espalhadxs pelo mundo. Necessitamos contagiar nossa raiva e é preciso que a solidariedade volte a ser uma prática e uma arma contra quem pedem nossas cabeças.

Estamos machucadxs, mas nunca derrotadxs ! Mauri presente!